Presidente da Academia Portuguesa de Fibromialgia sublinha que a “compreensão” da doença é fundamental para o tratamento adequado

Muitas vezes a fibromialgia é confundida com outras doenças, retardando o início do tratamento correto

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Prof. Dr. José Luis Arranz Gil, presidente-fundador da Academia Portuguesa de Fibromialgia, Síndrome de Sensibilidade Central e Dor Crónica
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A fibromialgia é uma síndrome dolorosa crónica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, incluindo Portugal. Esta condição provoca dor generalizada, fadiga, distúrbios do sono e sensibilidade aumentada em pontos específicos do corpo e generalizada em praticamente todo o corpo. Embora seja uma condição cada vez mais reconhecida, o tratamento da fibromialgia continua a apresentar diversos desafios para médicos e pacientes.

Uma das principais questões no tratamento da fibromialgia é o diagnóstico preciso. Como não existem exames característicos capazes de confirmar a presença desta síndrome, muitas vezes a fibromialgia é confundida com outras doenças, retardando o início do tratamento adequado. 

Outro desafio é a variabilidade dos sintomas e a sua manifestação em cada paciente. A fibromialgia pode apresentar-se de forma diferente em cada indivíduo, o que dificulta a padronização do tratamento. O acompanhamento contínuo e a personalização das abordagens terapêuticas são cruciais para obter melhores resultados, segundo especialistas.

Além disso, a fibromialgia é uma doença complexa e multifatorial, cujas causas ainda não são totalmente compreendidas. Isto torna o desenvolvimento de tratamentos específicos mais difícil. Os profissionais de saúde frequentemente recorrem a uma combinação de abordagens para aliviar os sintomas, incluindo medicação, terapias físicas, terapias cognitivas e comportamentais, entre outras.

A falta de conscientização sobre a fibromialgia é outro desafio que afeta tanto os pacientes como os profissionais de saúde. Muitas vezes, os sintomas são subestimados ou desacreditados, o que pode levar à demora no diagnóstico e no início do tratamento adequado. A sensibilização da sociedade e a formação de profissionais de saúde são essenciais para melhorar o cuidado aos pacientes com fibromialgia.

A gestão da dor crónica é um dos aspetos mais difíceis no tratamento da fibromialgia. A dor pode ser debilitante e afetar significativamente a qualidade de vida dos pacientes. Encontrar o equilíbrio entre medicamentos para alívio da dor e evitar o uso excessivo de analgésicos é uma tarefa complexa que exige uma abordagem individualizada.

Segundo o Prof. Dr. José Luis Arranz Gil, presidente-fundador da Academia Portuguesa de Fibromialgia, Síndrome de Sensibilidade Central e Dor Crónica, “a compreensão da doença pelos profissionais de saúde e a identificação correta dos sintomas são fundamentais para oferecer o tratamento mais adequado”.

Este profissional, que é também diretor fundador da Unidade de Fibromialgia, Síndrome de Sensibilidade Central e Dor Crónica na Mutualista Covilhanense e professor da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior (UBI), recorda que a fibromialgia é uma “doença neurológica com manifestações variadas, inclusive reumatológicas”, por esta razão, defende que é necessário “mudar o atual paradigma da Organização Mundial da Saúde em vigor desde 1992, que refere que a fibromialgia pertence à epígrafe das doenças do sistema musculoesquelético e do tecido conjuntivo”.

“Nos últimos tempos, a maioria dos cientistas e pesquisadores que lidam com o assunto postulam como a origem mais plausível da fibromialgia uma alteração funcional do processamento de sinais, doloroso e não doloroso, no Sistema Nervoso Central, o que implica numa amplificação de sinais sensoriais, a Síndrome de Sensibilidade Central”, comentou este especialista.

O tratamento da fibromialgia enfrenta diversos desafios, desde o diagnóstico preciso até a gestão eficaz da dor crónica e a conscientização da sociedade. É importante que pacientes e profissionais de saúde trabalhem em conjunto para superar estes obstáculos, melhorando a qualidade de vida dos afetados por esta síndrome, encontrando soluções mais efetivas para enfrentar os desafios que a fibromialgia apresenta. ■

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