Portuguesas têm agora possibilidade de tratamento para serem mães no Brasil

Há alguns meses, os responsáveis pela clínica iniciaram um trabalho de aproximação com famílias portuguesas que necessitam de tratamentos de fertilização

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Clínica brasileira é conduzida pelos diretores clínicos Daniel Diógenes e Lilian Serio
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O sonho de ser mãe nem sempre é sinal apenas de momentos de felicidade. Muitas mulheres enfrentam uma verdadeira batalha até conseguirem um resultado positivo no teste de gravidez. Para muitas famílias, a maternidade é ainda uma condição distante e somente a ciência é capaz de ajudar nesse processo. Quando a gravidez não acontece de forma natural, existem tratamentos que podem mudar esse cenário.

Uma das clínicas considerada mais atuante pelas mulheres para realizar o tratamento entre Brasil e Portugal é a Fertibaby Ceará, liderada pelos diretores clínicos Daniel Diógenes e Lilian Serio. Com sede na capital cearense, no Nordeste brasileiro, a Fertibaby tem as suas atividades voltadas para o ramo da fertilidade. Há alguns meses, os seus responsáveis iniciaram um trabalho de aproximação com famílias portuguesas que necessitam de tratamentos de fertilização.

A proposta é que parte do tratamento seja realizado em solo brasileiro, aproveitando-se o facto da variação cambial entre o Real e o Euro, o que faz com que os valores pagos no Brasil sejam bem mais competitivos do que os que são pagos na Europa. Essa empresa sul-americana pretende posicionar-se “como uma alternativa credível” para o público português que procura esse tipo de tratamento em outros destinos fora de Portugal, como Espanha e EUA. Hoje, a clínica já atende pacientes até mesmo de África.

Daniel Diógenes é especialista em Reprodução Humana e membro da Sociedade Europeia de Embriologia e Reprodução Humana (ESHRE), da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA)

Segundo Daniel Diógenes, especialista em Reprodução Humana e membro da Sociedade Europeia de Embriologia e Reprodução Humana (ESHRE), da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), a aproximação com o público português está a decorrer “de forma natural”, por meio da oferta de tratamentos de “qualidade” com custos reduzidos associados a “ótimos resultados”. Este profissional explica ainda que, “assim como as melhores clínicas e laboratórios do mundo, a Fertibaby Ceará conta com experiência e tecnologias necessárias para realizar um tratamento atual e moderno, com o objetivo de se atingirem taxas de gestação similares aos laboratórios dos países desenvolvidos”.

“Retomar o tratamento em Portugal”

Para realizar os procedimentos em Fortaleza, o tempo de permanência nessa cidade brasileira será de no máximo 20 dias. Assim, prevê-se que serão necessárias até duas visitas ao Brasil, a depender do protocolo a ser utilizado. Sobre os exames médicos, alguns deverão ser realizados em Portugal, outros, no Brasil. Após os procedimentos de fecundação, as pacientes poderão retomar o tratamento em Portugal com a sua ginecologista ou obstetra habitual.

“O que promovemos é um tratamento de qualidade comparado à Europa e aos EUA, mas com custo menor por estarmos no Brasil. Além disso, garantimos toda a manutenção dos aspetos éticos e o cumprimento da lei do Brasil. Estamos disponíveis para ajudar famílias portuguesas a realizarem o sonho de terem filhos”, revela Daniel Diógenes.

“Médicos chegaram a dizer que ser mãe era algo que não foi feito para mim”

A lista de pacientes da Fertibaby Ceará é extensa. Maior ainda é a felicidade das famílias que aumentaram após a chegada de um ou mais bebés. E qual é o sentimento de ter filhos após investir tempo e dinheiro num processo que deveria ter acontecido naturalmente? Essa decisão deixa marcas? Conversamos com duas mulheres que garantem não estarem arrependidas após encarar esse desafio no Nordeste brasileiro.

Pryscylla dos Santos Santiago, de 35 anos, decidiu iniciar o tratamento para engravidar em 2015, depois de tentar a gravidez de forma natural por cinco anos, mas sem sucesso. Dois anos depois, vinha o resultado que mudaria a sua vida e a de toda a sua família.

“Conheci o Dr. Daniel através de uma amiga. Procurei ajuda porque estava a tentar engravidar e não conseguia. A minha experiência foi uma mistura de muitos sentimentos e acontecimentos. Cheguei a fazer uma inseminação artificial, duas fecundações in vitro e tive duas gravidezes ectópicas (complicação da gravidez em que o embrião forma-se fora do útero). Em 2017, tive o meu positivo vivo, a minha filha, hoje com três anos de idade. O apoio da Fertibaby Ceará e dos seus profissionais foi essencial. O Dr. Daniel é maravilhoso, sem palavras para esse ser humano”, atesta Pryscylla Santiago, que conta que ainda hoje mantém segredo no seio da sua família sobre o procedimento, mas encoraja outras mulheres a tentarem o tratamento para realizarem o sonho de serem mães.

“Poucas pessoas da minha família sabem que fiz o tratamento, pois ainda existe muito preconceito ou má informação a respeito da fecundação in vitro. Todas as mulheres devem procurar ajuda o quanto antes. Não se apeguem a detalhes ou sintam vergonha ou culpa. Se sentirmo-nos culpadas por não conseguir engravidar, isso pode inclusive atrapalhar o tratamento”, finaliza Pryscylla, que vive em Fortaleza.

Também para Nirley Maria da Silva Bezerra dos Santos, de 38 anos, o desejo de ser mãe não foi nada fácil de se concretizar. Depois de várias consultas com diversos profissionais, Nirley chegou a ser informada por um dos médicos que o destino não queria que ela tivesse filhos. Até que, ao conhecer a Fertibaby Ceará, um sopro de esperança deu novamente vida ao seu sonho de vivenciar a maternidade.

“Após ter complicações em duas gestações e de perder os bebés, o sonho de ser mãe estava bem distante de mim. Já tinha conversado com vários médicos e nenhum deles conseguiu esclarecer o que eu poderia fazer para ser mãe. Alguns médicos chegaram a dizer que ser mãe era algo que não foi feito para mim e, por esse motivo, fiquei totalmente triste e desenganada. Muitas pessoas perguntavam porque não tínhamos tido filhos ainda e sempre tinha de explicar o motivo. Numa dessas conversas, uma amiga de trabalho falou sobre a Fertibaby Ceará. Fizemos contato e marcamos uma consulta para o dia 8 de março de 2018 com o Dr. Daniel Diógenes, que solicitou alguns exames para detetar a causa do problema. De posse dos resultados, retornei ao consultório e o Dr. Daniel deu-nos uma verdadeira aula sobre o assunto, a explicar que eu tinha uma bactéria na trompa e que isso impedia que eu tivesse uma gravidez natural. Ao terminar a explicação, ele disse-se me que eu só não seria mãe se saísse do seu consultório e não fizesse nada do que ele orientou-nos a fazer”, diz Nirley dos Santos, que também vive em Fortaleza e que faz questão de recordar o dia em que soube que estava finalmente a esperar um bebé.

“Eu e o meu marido fizemos a retirada dos óvulos e dos espermatozoides em abril e esperamos o momento certo para a transferência dos embriões. No dia 16 de junho de 2018, fizemos a transferência e, após 14 dias, no dia 30 de junho, estávamos com o tão sonhado positivo em mãos. Os nossos familiares apoiaram-nos em todos os momentos, pois sabiam do grande desejo que eu tinha de ser mãe e que esta seria a melhor decisão a ser tomada. O Dr. Daniel Diógenes passou-nos muita segurança durante o tratamento. A Fertibaby Ceará mostrou ser uma clínica séria, com profissionais altamente qualificados e dispostos a conquistar connosco o tão esperado positivo. Fecundação In vitro é muito benéfico para as mulheres que desejam engravidar e têm dificuldade para realizar esse sonho. Certamente indico o procedimento para várias pessoas que estão a tentar engravidar, mas estão com dificuldades”, ressalta Nirley dos Santos, que, após tentar engravidar sem sucesso por 12 anos, carrega hoje nos braços a Clara, nascida no dia 20 de fevereiro de 2019.

“Momento certo”

Lilian Serio é especialista em Ginecologia e Obstetrícia e em Medicina Reprodutiva, Endocrinologia Ginecológica e Endoscopia Ginecológica

De acordo com Lilian Serio, que é especialista em Ginecologia e Obstetrícia e em Medicina Reprodutiva, Endocrinologia Ginecológica e Endoscopia Ginecológica, os casos apresentados acima obtiveram respostas positivas porque as mulheres tomaram a decisão de realizar o tratamento no momento certo.

“No caso da fecundação, ter atenção ao tempo é fundamental, já que, postergar a gravidez para depois dos 35 anos de idade da mulher pode representar um grande problema”, realça Serio, que sublinha que a “Fecundação in Vitro (FIV) é a técnica mais utilizada no mundo, e também a mais eficiente, mas é possível realizar tratamentos mais simples antes, desde que não se perca muito tempo com tratamentos menos efetivos. A idade mínima para que a mulher faça o tratamento não pode ser determinada, já a máxima depende do tipo de tratamento que será feito. Um limite aceite está entre os 50-55 anos, e a mínima, acima de 18-20 anos”, confirma Serio.

O “preço da felicidade” no Brasil

Segundo apurámos, no caso concreto dessa unidade médica no Brasil, em média, os custos dos tratamentos rondam dos 13 aos 15 mil reais, cerca de 2.100 a 2.500 euros, respetivamente.

“O valor do investimento para o público estrangeiro é o mesmo que é praticado para os brasileiros e pagar um tratamento em Real para quem ganha em Euro é muito vantajoso hoje em dia”, garante Diógenes, que revela que a clínica está a fazer parcerias com entidades turísticas locais para que os futuros clientes possam conhecer o Nordeste brasileiro com “qualidade e segurança” durante o período em que precisam estar no Brasil para realizar o tratamento.

E quem são as portuguesas que procuram esse tratamento?

Contatada pela nossa reportagem, a Associação Portuguesa de Fertilidade (APFertilidade) confirma que as famílias em Portugal estão cada vez mais atentas ao tema.

“As mulheres e homens estão cada vez mais sensíveis à questão da infertilidade e da necessidade de a prevenir. A questão é também cada vez mais abordada pela comunicação social e programas de televisão e leva a que as pessoas se questionem sobre se estão a ter hábitos de consumo e de comportamento que possam prejudicar no futuro a sua fertilidade ou se a sua saúde reprodutiva não tem problemas”, salienta Cláudia Bancaleiro, gestora executiva da APFertilidade.

Para esta responsável, alguns dos grandes problemas no enfrentamento à infertilidade em Portugal são o preconceito e falta de informação.

“Ainda existe algum receio em admitir que se é infértil ou se tem dificuldade em engravidar. A ideia de que o problema vem sempre da mulher tem vindo a diminuir, mas seja para a mulher ou para o homem admitir perante a família, amigos ou colegas de trabalho que não conseguem ter filhos devido a uma condição de saúde é ainda difícil. A pressão social de que a partir de um determinado momento é suposto ter filhos dificulta a situação do casal, que acaba por evitar eventos familiares ou com amigos para fugir a questões mais delicadas”, refere Cláudia Bancaleiro.

Dados apurados em Portugal esclarecem que, “quanto ao perfil das mulheres que procuram tratamentos de fertilidade, em particular a FIV, trata-se de mulheres, com marido/companheiro/namorado que, após várias tentativas, com relações sexuais regulares e sem métodos contraceptivos, não conseguiram engravidar ao fim de 12 meses, quando têm menos de 35 anos, ou após seis meses, depois dessa idade”. ■

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