Pesquisador luso-brasileiro “contesta” teoria freudiana

Neurocientista e psicanalista, Fabiano de Abreu usa visão existencialista de Jean-Paul Sartre para contrapor conceito de psicanálise proposto por Sigmund  Freud

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Fabiano de Abreu é luso-brasileiro e vive em Portugal
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O confronto entre as ideias de Freud e Sartre resultou no artigo do pesquisador, neurocientista e psicanalista Fabiano de Abreu, intitulado “O discurso sem palavra, Uma outra dimensão da linguagem”, recém publicado pela revista científica Latin American Journal of Development.

O objetivo do pesquisador é trazer à luz a linha psicanalítica proposta por Sartre, em que o sujeito  é colocado em  uma  posição  mais  ativa em  relação a sua própria  vida, e, contrapô-la à visão de Freud, em que a psicanálise constitui-se como prática terapêutica de investigação de conteúdos recalcados na mente humana.

“Na  visão  existencialista  sartriana  o  homem  primeiro  existe,  se  descobre enquanto ser, reconhece  a  sua  existência  no  mundo  e,  apenas  depois  de  todo  esse  processo,  se  define  enquanto indivíduo”, aponta. “Já para Freud, trata-se da análise das fases de desenvolvimento  psíquico do indivíduo”, esclarece.

Desta maneira, segundo De Abreu, para apontar as semelhanças e oposições entre a psicanálise freudiana e a psicanálise existencial de Sartre, a pesquisa foi dividida em três momentos.

“Do existencialismo”, onde há explicações acerca da temática, “Da psicanálise”, explanação acerca  da  teoria  freudiana  e  “Da  psicanálise existencialista”,  onde  é possível  averiguar  as  propostas,  semelhanças  e  distanciamento  entre  as práticas”, detalha.

Ao longo do trabalho, De Abreu constatou que, apesar  das  duas  correntes  teóricas  se  contraporem  numa  amálgama  de  aspetos,  é possível observar que, dentro  da  análise  freudiana  existe  um  desejo  inconsciente  de impulsão  para  a existência.

“A  desconstrução  do  ser  é  fundamental  para  as  nossas  descobertas,  dos  desejos  mais profundos  que  carregamos  no  simbólico, e, como  dirá  Lacan  a  posteriore,  dessa  maneira  divergindo com o  existencialismo  de  Sartre,  onde  o  homem  está  condenado  a  liberdade  e  nada  mais  além”, indica.

Deste modo, o pesquisador conclui que, para além do discurso formulados pelas palavras ditas, na psicanálise há a importância do “Não Dito”, e que nenhuma teoria é capaz  de, na visão dele, abarcar toda a  subjetividade do comportamento humano.

“Somos singulares mergulhados em plural. A  força  da  presença  física em  sua  aparição  e  integralidade traz  à  tona  uma  outra  dimensão  da  linguagem,  um  discurso  sem palavras que nos faz além de saber, entender, “sentir” o toque da alma de “outro” sem se misturar”, finaliza.

O trabalho está disponível para consulta em: latinamericanpublicacoes.com.br/ojs/index.php/jdev/article/view/119/103. ■

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