A Serra da Estrela é tradicionalmente conhecida por ser o ponto mais alto de Portugal continental, uma região montanhosa de rara beleza, tanto no frio, como no calor, e é um dos pontos turísticos mais visitados por brasileiros nesse país europeu. No inverno, a neve é um dos principais atrativos da região. Paulo Silva, empresário do ramo da hotelaria e gastronomia, ressalta que, apesar do visual, “os desafios de comandar um estabelecimento na região é diário”.
De acordo com este responsável, a dificuldade em manter os negócios começa “ao abrir as portas”. Por conta da altitude e da neve, o acesso é “complicado, a mão de obra é escassa, mas o sucesso está em apostar nos produtos regionais”.
“Estamos a 1993 metros, no ponto mais alto de Portugal continental, o que nos permite degustar todos os produtos regionais. Falando da nossa gastronomia, é fácil trabalhar quando temos produtos de altíssima qualidade. E aqui no nosso restaurante, privilegiamos efetivamente os produtos da região. Acho que não poderia ser de outra forma, trabalhamos muito com os produtos regionais e tentamos aproveitar todos os insumos e apresentá-los aos nossos clientes”, contou Paulo Silva, que lidera um empreendimento gastronómico na torre da Serra da Estrela.
Mas nem só de produtos locais vivem os negócios de Paulo Silva. A região é também conhecida pelos seus vinhos e queijos. Este empresário revela que o processo que dá origem ao vinho é totalmente influenciado por conta das características geográficas do local.
Relação estreita com o Brasil
Segundo dados das entidades turísticas portuguesas, a Serra da Estrela recebe anualmente cerca de 250 mil brasileiros. A relação afetiva com esse público não está somente na língua. Mas, na boca. Na gastronomia, Paulo Silva implementou o brigadeiro, doce tradicional do Brasil, feito com leite condensado e chocolate, no cardápio. A iguaria ganhou uma versão recheada com o famoso queijo da Serra da Estrela, um produto diferenciado para quem gosta da conexão entre doce e salgado. Em verdade, as opções são inesgotáveis.
“O cabrito, as chanfanas, as feijocas (são as especialidades da casa). Temos arroz de cereja, dentre outros produtos, é claro. Queijo da serra, o presunto e os vinhos. Os vinhos têm características únicas em Portugal e no mundo. Trabalhamos com uma adega pequena aqui da nossa região. O vinho é um ser vivo. Assim como nós, quando estamos na parte alta da serra, temos algumas alterações. Percebemos que o vinho melhorava. Fica mais redondo, mais aveludado. Por isso, é um vinho único. Só se consegue quando se está no ponto mais alto, aqui no restaurante”, defendeu Paulo Silva, que mantém no local uma garrafeira que permite ao vinho “repousar” em grandes altitudes. E os brasileiros estão cada vez mais interessados em desbravar todas essas novidades.
“Temos cada vez mais clientes brasileiros. É um público que gosta muito da neve. Também vamos tendo atenção desse novo público que nos visita, claro, por conta da nossa oferta gastronómica, onde tentamos não fugir às nossas raízes. Faz sentido mostrarmos aquilo que de melhor temos. Mas faz sentido também ir ao encontro dos gostos alimentares dos brasileiros. Torno a lembrar dos brigadeiros, feitos por conta do mercado brasileiro, que têm sido um sucesso. E, agora, um produto inovador: temos brigadeiro com queijo da Serra da Estrela, que junta o nosso queijo tradicional ao brigadeiro”, finalizou Paulo Silva. ∎