O ator português Ruy de Carvalho, um dos principais artistas em atividade em Portugal, vai receber uma homenagem diferente como prova da sua relevância no cenário cultural nacional e internacional. O seu nome irá ser atribuído a uma das novas ‘suites premium’ do Hotel ALAMBIQUE, localizado no Fundão, na região da Serra da Estrela, entidade hoteleira considerada uma referência no ramo turístico português.
Segundo os responsáveis pelo referido hotel, esta é “uma forma de homenagear a arte deste ator que tem uma carreira única em Portugal, em cinema, teatro e televisão, e que viveu na Covilhã durante a sua infância”.
O ator visitou o Alambique entre os dias 14 e 16 de março, conheceu as obras de ampliação do hotel e prometeu “voltar em breve para dormir na suite que levará o seu nome”, o que muito o “deixa honrado”.
Em declarações à nossa reportagem, Ruy de Carvalho disse estar emocionado com a homenagem que lhe serve como uma sinalização de que as pessoas gostam do seu trabalho e de que faz parte da memória coletiva do país e da região.
“No futuro, a todos quantos passarem por aquela suite, desejo-lhes que vivam a vida como eu, sempre ativos, sempre à procura da felicidade”, frisou este artista.
Graça e Alberto Carlos, administradores do hotel, sublinham que “esta é uma singela homenagem a quem deu tanto à cultura nacional e demonstrou sempre uma admirável postura como ser humano”.
Para além do Golden Rock – Alambique Water SPA e do Golden Hall – Alambique Meeting Center, este hotel prepara o lançamento de 42 novas ‘suites premium’. Ruy de Carvalho instigará a personalização de uma dessas suites, num conceito que poderá homenagear outras figuras nacionais.
Carreira premiada
Ruy Alberto Rebelo Pires de Carvalho é um dos mais célebres atores portugueses ainda em atividade profissional. Respeitado e adorado por muitos, Ruy de Carvalho tem aos 96 anos Portugal e o mundo aos seus pés. Viúvo, tem dois filhos e três netos, tendo um dos filhos seguido a mesma carreira, João de Carvalho.
Nasceu a 1 de março de 1927 em Lisboa, no seio de uma família de classe média que nunca o impediu de seguir o seu verdadeiro sonho. Inicia-se no teatro, como amador, em 1942, no Grupo da Mocidade Portuguesa, com a peça “O Jogo para o Natal de Cristo”, com encenação de Ribeirinho. De 1945 a 1950, frequentou o Conservatório Nacional, cujo Curso de Teatro/ Formação de Atores terminou em 1959, com 18 valores.
Estreou-se profissionalmente, em 1947, no Teatro Nacional (Companhia Rey Colaço/Robles Monteiro), na comédia “Rapazes de Hoje”, de Roger Ferdinand. Em 1950 ficou conhecido pela sua interpretação de Eric Birling em “Está lá Fora um Inspetor”, de Priestley (1951), estreado no Teatro Avenida. Nesse mesmo ano ingressou no Teatro do Povo (mais tarde Teatro Nacional Popular), onde faria todas as temporadas de Verão, sob a direção de Ribeirinho, até 1958. Importante ator da sua geração, fundou, em 1961, o Teatro Moderno de Lisboa, grupo teatral que passou a integrar, participando em todas as suas peças. Em 1963 foi para o Porto, assumindo a direção artística do Teatro Experimental do Porto (TEP), onde realizou a sua única experiência como encenador, em “Terra Firme”, de Miguel Torga. Fez ainda parte de outras companhias, como a companhia Laura Alves, a companhia Rafael de Oliveira e a companhia sediada no Teatro Maria Matos, com as quais efetuou numerosas digressões, ao Brasil e a África.
Em 1977, esteve no relançamento do Teatro Nacional D. Maria II, a cuja companhia pertenceu até à sua extinção. Trabalhou com Filipe La Féria em espetáculos como “Passa Por Mim no Rossio” (1992), “Maldita Cocaína” (1994) ou “A Casa do Lago”, de Ernest Thompson (2002). Interpretou outros autores como Molière, Tennessee Williams, Bernard Shaw, Anton Tchekov, D. Francisco Manuel de Melo, Eça de Queirós, Luís de Sttau Monteiro, Luiz Francisco Rebello, entre outros. Cumprindo um velho sonho, protagonizou em 1998, sob a direção de Richard Cotrell, o clássico “Rei Lear”, de William Shakespeare, integrado nas comemorações dos 150 anos do Teatro Nacional e dos 50 anos da sua carreira de ator. Em Espanha participou no concerto de encerramento da temporada do Teatro Monumental de Madrid, intitulado “Orfeu”, com textos de Fernando Pessoa e música especialmente concebida para si pelo compositor Pablo Rivière. A convite do encenador Simon Suarez, foi protagonista da ópera “Fígaro”, de José Ramon Encinar, levada à cena no Teatro Lírico La Zarzuela. A sua atividade estendeu-se igualmente à rádio e à televisão, tendo participado, nomeadamente na RTP, no “Monólogo do Vaqueiro” (1957), e feito uma excelente participação na novela da TVI “Olhos de Água”, foi nesta estação privada de televisão que Ruy de Carvalho se tornou um rosto mais conhecido para uma geração mais nova, tendo participado em inúmeras telenovelas e minisséries como “Inspetor Max”.
No cinema, estreou-se em 1951, com “Eram 200 Irmãos”, de Armando Vieira Pinto, mas foi nos anos 60 que o seu trabalho se tornou mais relevante nesse campo. Da sua filmografia destacam-se “Pássaros de Asas Cortadas”, de Artur Ramos (1963), “Domingo à Tarde”, de António de Macedo (1965) que também o dirigiu em “A Bicha de Sete Cabeças” (1978), “O Cerco”, de António da Cunha Telles (1969), “Cântico Final”, de Manuel Guimarães (1974), “O Processo do Rei”, de João Mário Grilo (1990). Com Manoel de Oliveira a sua interpretação ficou marcada em “Non ou a Vã Glória de Mandar” (1990), “Vale Abraão” (1993), “A Caixa” (1994) e “O Quinto Império – Ontem Como Hoje” (2004). Para além dos seus filmes como ator, Ruy de Carvalho tem emprestado a sua voz, diversas vezes, ao cinema. Participou também em numerosos teatros radiofónicos e trabalhos de dobragem de desenhos animados. Ruy de Carvalho recebeu Prémios de Imprensa para o Teatro (1962, 1981, 1982, 1986); Prémios de Imprensa para o cinema (1965, 1966, 1971); Prémios da Crítica Especializada (1961, 1962, 1964, 1965, 1981); foi nomeado, em 1987, para o Prémio Garrett da Secretaria de Estado da Cultura; em 1990 foi-lhe atribuída a Medalha de Mérito Cultural; em 1993, foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique; em Março de 1998, com o grau de Comendador da Ordem Militar de Santiago da Espada; em 1998, é galardoado com o Globo de Ouro para a Personalidade do ano; foi galardoado com o Prémio Luís de Camões da Universidade Lusíada, o Prémio Byssainha da Fundação Byssais Barreto; em 1999, é galardoado com o Globo de Ouro de Melhor Actor. Actor de Teatro, Cinema e Televisão, Ruy de Carvalho é um dos grandes ícones de Portugal, tal como muitos dos actores talentosos da sua geração merece todo o nosso respeito e carinho por uma excelente carreira, recheada de excelência e nobreza.
Recebeu Prémios de Imprensa para o Teatro (1962, 1981, 1982, 1986); Prémios de Imprensa para o cinema (1965, 1966, 1971); Prémios da Crítica Especializada (1961, 1962, 1964, 1965, 1981); foi nomeado, em 1987, para o Prémio Garrett da Secretaria de Estado da Cultura; em 1998, é galardoado com o Globo de Ouro para a Personalidade do ano; foi galardoado com o Prémio Luís de Camões da Universidade Lusíada de Lisboa, o Prémio Byssainha da Fundação Byssaia Barreto; em 1999, é galardoado com o Globo de Ouro de Melhor Ator.
É detentor da Medalha de Mérito Cultural (1990); Prémio Carreira (1998); Personalidade do Ano em Teatro (1999); Melhor Ator de Ficção e Comédia (Televisão) (2002); Prémio Sophia (2017); Prémio da Lusofonia – Prémio Carreira (2017) e Medalha de Mérito Cultural (27 de março de 1990). No campo das condecorações é Comendador da Ordem do Infante D. Henrique (9 de junho de 1993); Comendador da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada (27 de fevereiro de 1998); Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada (26 de março de 2010); Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (30 de outubro de 2012); Grã-Cruz da Ordem do Mérito (1 de março de 2017); Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada (1 de março de 2022). ■