Presidente de Portugal condecorou “Vasco da Gama” pela luta contra o racismo e manutenção das raízes luso-brasileiras nos seus 125 anos de fundação

Membros da comunidade luso-brasileira no Rio de Janeiro e líderes de movimentos associativos portugueses no Brasil marcaram presença no evento

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Clube luso-brasileiro conta com história social e desportiva (Foto: Marcelo Wance)
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“O Vasco da Gama é, cada vez mais, junto com as casas portuguesas no Brasil, um pedaço de Portugal aqui no nosso país”. Foi com esta afirmação que Jorge Salgado, presidente do Club de Regatas Vasco da Gama (CRVG), comentou a homenagem recebida do governo português em virtude dos 125 anos de fundação do clube no Brasil.

Para assinalar esta data, o presidente da República de Portugal, Grão-Mestre das Ordens Honoríficas portuguesas, decidiu, “em reconhecimento pela rica história do clube”, condecorar o Vasco da Gama com a categoria de Membro Honorário da Ordem do Infante Dom Henrique. As insígnias foram impostas pelo Embaixador de Portugal no Brasil, Luís Faro Ramos, no dia 1 de setembro, nas instalações do Consulado -Geral de Portugal no Rio de Janeiro, no Palácio de São Clemente, em Botafogo, zona Sul carioca.

“Pela sua história, o Club de Regatas Vasco da Gama – “a equipa que venceu o racismo” – constitui, a partir do Rio de Janeiro, uma referência incontornável para todos os desportistas, incluindo em Portugal. No dia 21 de agosto de 2023, a celebração do 125º Aniversário do Vasco da Gama levou-nos a percorrer as nossas melhores memórias e a projetar valores nobres como a tolerância e a não discriminação, muito além do desporto, partilhados com torcedores de todos os clubes brasileiros e portugueses. A este facto, não serão alheias as raízes luso-brasileiras do clube e a sua ligação às comunidades portuguesas no Brasil, sendo a sua designação um tributo ao navegador Vasco da Gama, que, a partir de Lisboa, descobriu o caminho marítimo para a Índia, onde chegou em 1498”, frisou Gabriela Soares de Albergaria, cônsul-geral de Portugal no Rio de Janeiro.

Em declarações à nossa reportagem, o presidente do Vasco da Gama defendeu que o papel da comunidade portuguesa na fundação e construção do clube luso-brasileiro foi fundamental para alcançar o patamar histórico que tem hoje.

“Cada vez mais, o Vasco reconhece a sua história e, portanto, reconhece a história daqueles imigrantes portugueses que, no final do século XX, fundaram o nosso clube. Sempre procuramos manter as nossas raízes fundadoras com o máximo de dedicação e através das casas portuguesas e também do nosso grandioso Club de Regatas Vasco da Gama. Temos permanentemente hasteado no nosso clube a bandeira do Brasil e a bandeira de Portugal. Sempre, em todas as sedes, a bandeira portuguesa tremula nos ares para lembrar o quanto os nossos patrícios portugueses fizeram pelo nosso clube”, disse Jorge Salgado, que se mostrou “surpreso e orgulhoso” com a homenagem recebida, em nome do clube, por parte do presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa.

(Foto: Marcelo Wance)

“A homenagem do Consulado-Geral de Portugal no Rio de Janeiro nos pegou de surpresa. Já havíamos sido informados que receberíamos a insígnia da Ordem do Infante Dom Henrique pelo próprio presidente da República de Portugal. Ficamos e nos sentimos extremamente honrados com tão alta homenagem concedida pelo governo português. Será um motivo de festa, satisfação e de lembrança também de todos estes anos, desde a Fundação até hoje. Vamos rememorar todas as nossas datas importantes, todas as nossas lutas importantes. Agradeço de coração essa honraria e homenagem do governo português através da consulesa de Portugal e também do embaixador português no Brasil, Luís Faro Ramos. Ficamos, nós, vascaínos, muito orgulhosos e contentes com tamanha honraria”, afirmou o presidente vascaíno.

O evento no Palácio São Clemente contou com a presença de toda a Direção do Vasco, além de políticos vascaínos, como a deputada Martha Rocha e os vereadores Teresa Bergher e Pedro Duarte. Integrantes do movimento associativo português no Rio e presidentes de casas regionais portuguesas na cidade maravilhosa também estiveram presentes, assim como o presidente do Conselho Permanente do Conselho das Comunidades Portuguesas (CP-CCP), Flávio Martins, e, também, os conselheiros eleitos pelo Rio de Janeiro, Ângelo Horto e Maria Alzira Silva.

Ainda durante a cerimónia, dirigentes do Club de Regatas Vasco da Gama entregaram camisolas do clube ao Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, ao Embaixador Luís Faro Ramos e à cônsul-geral Gabriela Soares de Albergaria, bem como o título de Sócio Honorário do Vasco a esses três responsáveis. O embaixador Faro Ramos recebeu, em nome do presidente português, a camisola vascaína, que será entregue ao chefe de Estado de Portugal.

Na opinião do embaixador de Portugal no Brasil, a cerimónia foi “do mais alto significado para todos os portugueses e luso-descendentes no Brasil”.

“Na verdade, não é a primeira vez que o Club de Regatas Vasco da Gama é condecorado pelas autoridades portuguesas. As distinções anteriores comprovam que, desde há muito, a meritória existência e atividade do Vasco em prol da aproximação entre Brasil e Portugal é conhecida é reconhecida. Todos conhecem a bonita história deste clube, cujo nome é também uma bonita homenagem ao grande navegador português Vasco da Gama. Um clube que, desde cedo, mostrou ao que vinha, se bateu pelas causas que considerava justas e gravou para sempre, na primeira metade do século passado, uma bela história de coragem, luta contra o preconceito racial e a favor da inclusão”, disse Faro Ramos, que defendeu as relações entre Brasil e Portugal.

“Nos tempos que vivemos, a luta pela inclusão é de uma atualidade impressionante e mais importante que nunca. E, nos tempos que vivemos, as relações entre Portugal e Brasil estão atravessando uma fase de grande intensidade. Quanto à inclusão, o Club de Regatas Vasco da Gama não só não tem lições a receber de ninguém como deve ser mesmo considerado como um exemplo a seguir. Quanto à intensidade das relações entre os nossos países e a contribuição permanente do Vasco, não encontro melhor exemplo do que aquele que está no artigo 5º dos estatutos do clube, que passo a citar: “Atendendo à significação do seu nome e a um dos principais escopos que visaram os seus fundadores, o clube se orientará sempre no sentido de permanecer como instrumento de aproximação entre brasileiros e portugueses”. (…) viva a amizade entre Portugal e Brasil”, avançou este diplomata.

(Foto: Marcelo Wance)

“A celebração do aniversário dos 125 anos do Vasco é uma celebração emblemática. Ela nos faz recordar a história dos nossos fundadores. O Vasco foi fundado em 21 de agosto de 1898 por 63 portugueses e alguns, muitos, lusodescendentes. E, de lá para cá, a nossa história é muito rica em desafios lutando contra os preconceitos raciais, sociais, conquistando muitas vitórias, tendo que ultrapassar vários obstáculos. O Vasco da Gama é, cada vez mais, junto com as casas portuguesas no Brasil, um pedaço de Portugal aqui no nosso país. Fico imensamente satisfeito pelo facto de ser presidente nessa data tão simbólica. Desejo a todos os portugueses que nos estão ouvindo congratulações por esta data, porque, se não fossem os nossos patrícios, não estaríamos aqui hoje comemorando 125 anos de existência”, finalizou Jorge Salgado, presidente do Vasco da Gama.

Celebrações também na sede náutica

No dia 21 de agosto, o Vasco comemorou 125 anos de fundação com uma tradicional Alvorada em São Januário. À noite, decorreu uma cerimónia solene na Sede Náutica da Lagoa, que ficou marcada por homenagens, mas também por protestos contra a administração do Maracanã e a interdição de São Januário.

Nessa cerimónia, sócios com 50 anos de associação foram homenageados, assim como os atletas paralímpicos que ganharam medalhas no Mundial de natação no início do mês: Camille Rodrigues, Daniel Mendes, Douglas Matera e Lidia Cruz. O 1º vice-geral, Carlos Osório, destacou o facto de o Vasco ter o certificado de clube formador do Comité Olímpico Brasileiro, sendo referência na formação de atletas paralímpicos, valorizando o caráter de inclusão do clube.

Membros da comunidade luso-brasileira e líderes de movimentos associativos portugueses no Brasil marcaram presença no evento, assim como a fadista Maria Alcina. ■

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