Dezenas de famílias residentes na cidade de Rio Grande, no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, estão a receber o apoio de diversos voluntários após ficarem desabrigadas em virtude das fortes chuvas que se fazem sentir no Sul do país nos últimos dias.
Uma dessas entidades que está a prestar um apoio fundamental à população é a Cruz Vermelha de Rio Grande, que, de forma voluntária e gratuita, acolhe mais de 200 pessoas num galpão que conta com diversos serviços sociais e de saúde, mas também com estrutura para as pessoas realizarem a sua higiene, se alimentarem e dormirem em segurança.
Na liderança dessa iniciativa, está o português Júlio César Pereira da Silva, presidente da unidade local da Cruz Vermelha de Rio Grande. Além de advogado, este responsável é vereador nessa cidade brasileira há 25 anos, estando já no quinto mandato, o que lhe permite melhor conhecer os desafios da região e a sua população. É também neto de portugueses, preside ao Conselho Deliberativo do Centro Português do Rio Grande, e integra ainda, como voluntário, outros movimentos associativos e da organização civil na região, um trabalho que ganha agora novos contornos em virtude da catástrofe climática que atingiu o Estado. Segundo apurámos, o objetivo das ações dos voluntários é salvar vidas.
“A prefeitura de Rio Grande criou vários abrigos para as pessoas ficarem protegidas. E um desses abrigos está num espaço que era um grande supermercado, um grande pavilhão, é está sendo administrado pela Cruz Vermelha de Rio Grande, de forma gratuita e voluntária”, conta este responsável, que revela que, neste momento, “temos 232 pessoas alojadas neste abrigo, com todos os serviços para poderem dormir, além de toda a questão de alimentação, de higiene, roupas”, bem como “equipes assistenciais e profissionais de saúde, todos voluntários, atuando também no atendimento psicossocial”.
Este português comenta que na sua região não há pessoas mortas ou feridas, pois o município teve oportunidade de se preparar em virtude das chuvas que chegaram primeiro ao Norte do Estado. Há, contudo, pessoas desabrigadas.
“O nosso problema aqui é o número de pessoas desabrigadas. Há dezenas de famílias desabrigadas. E são famílias mais pobres, mais vulneráveis, que moram em regiões ribeirinhas, zonas de maior risco”, contou Júlio da Silva.
À nossa reportagem, Júlio explicou que o município de Rio Grande está localizado no extremo Sul do estado do Rio Grande do Sul, no extremo sul do país, onde a Lagoa dos Patos encontra-se com o oceano Atlântico. É ainda o município mais antigo do Estado gaúcho, conta com uma população de colonização preponderantemente portuguesa, desde a sua fundação, como também de migração no início do século passado, portanto, “a cidade tem uma forte influência da identidade lusitana”.
No momento em que fazíamos esta entrevista, Júlio César Pereira da Silva estava a coordenar a chegada de 230 colchões doados por uma entidade privada que servirão de suporte para a população em contexto de vulnerabilidade no município de Rio Grande, que é a cidade mais antiga do Estado do Rio Grande do Sul, e que foi a cidade que “emprestou” o seu nome ao Estado do Rio Grande do Sul. Mais do que nunca, a solidariedade corre na veia “lusitana” deste cidadão gaúcho.
“Tenho várias ações no sentido de valorizar a nossa etnia por aqui, várias medidas que a gente toma, vários projetos em que nós acabamos por nos envolver para preservar os nossos valores. (…) Já votei em três eleições portuguesas, agora vou votar nas eleições europeias. Sou cidadão português com muito orgulho”, finalizou Júlio da Silva. ■