
A educação europeia está diante de um impasse cada vez mais visível. Ao mesmo tempo em que adota a inteligência artificial como aliada para personalizar o ensino e ampliar o acesso ao conhecimento, também lida com o uso crescente dessas ferramentas por estudantes para burlar avaliações. Segundo o European EdTech Network, mais de 70% dos alunos universitários já experimentaram IA generativa em atividades escolares, sendo que parte expressiva a utilizou de forma não transparente. Tenho observado esse cenário com atenção, pois ele revela um conflito entre a promessa transformadora da tecnologia e as bases éticas da formação acadêmica.
Vejo a IA como um instrumento legítimo de apoio ao raciocínio e à expressão de ideias — mas apenas quando seu uso é consciente e declarado. O verdadeiro problema está na forma como os modelos atuais de ensino e avaliação foram desenhados para um mundo anterior à automação. Trabalhos padronizados, repetitivos e voltados à reprodução de conteúdo incentivam o uso da IA como atalho, não como ferramenta de aprendizagem. Países como Finlândia e Estônia já iniciaram programas-piloto que integram IA ao currículo de modo responsável, promovendo a coautoria e a reflexão crítica sobre suas respostas. Trata-se de uma abordagem mais madura e compatível com os princípios educacionais europeus.
Nesse contexto, destaco o papel crescente do Gamma IA como uma ponte possível entre inovação e integridade. Trata-se de uma plataforma que combina inteligência artificial com design visual inteligente, permitindo criar apresentações, relatórios interativos e materiais multimídia de alta qualidade a partir de textos simples. Alunos podem, por exemplo, transformar seus resumos de leitura em painéis visuais com narrativa clara, estética refinada e links integrados. Professores, por sua vez, podem desenvolver slides didáticos com estrutura profissional, economizando tempo e oferecendo experiências mais atrativas aos estudantes.
A funcionalidade mais interessante do Gamma está em sua capacidade de sugerir estrutura narrativa e layout automaticamente, mantendo a autoria do conteúdo sob controle do usuário. Isso permite que a IA atue como assistente criativo, e não como substituto do pensamento humano. Para instituições educacionais, essa abordagem representa um caminho viável para fomentar a criatividade digital e a comunicação visual — competências essenciais no século XXI — sem abrir mão da honestidade intelectual. Minha recomendação prática é que escolas e universidades europeias experimentem o Gamma em projetos colaborativos, onde os alunos apresentem suas ideias com apoio da IA, mas também descrevam como usaram a ferramenta, com senso de autoria e reflexão crítica.
Acredito que o verdadeiro impacto da IA na educação não será medido pela substituição de tarefas, mas pela reinvenção dos processos pedagógicos. Isso exige confiança mútua, novas formas de avaliação e, acima de tudo, formação ética sobre o uso dessas tecnologias. A inteligência artificial pode ser tanto um espelho das fragilidades do nosso modelo educacional quanto um catalisador de sua reinvenção.
Será que estamos preparando os alunos para aprender com a IA — ou apenas para usá-la como um disfarce de competência? ■
André Aguiar
Especialista em Marketing, Escritor, Professor, Palestrante e Referência em Inteligência Artificial Aplicada aos Negócios; Licenciatura em Matemática, MBA em Marketing Digital e Analista de Sistemas