No último dia 19 de setembro o antigo Convento São Francisco, em Coimbra, testemunhou o nascimento da Casa dos Açores da Região Centro. Uma cerimónia marcada pela presença do presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro; o presidente da Câmara Municipal de Coimbra, José Manuel Silva; o presidente do Turismo do Centro, bem como outras autoridades locais. Alexandre Linhares Furtado, um dos mais ilustres açorianos residentes em Coimbra e entusiasta da ligação entre a zona Centro do país e a região autónoma dos Açores, também marcou presença no evento, que teve espaço para um concerto açoriano protagonizado pelo Coimbra Gospel Choir e pelo Coro dos Antigos Orfeonistas da Universidade de Coimbra, encerrando com uma prova de produtos da Marca Açores.
“Esta iniciativa, de um grupo de açorianos residentes na região centro de Portugal, fez por completar o último reduto geográfico do país que ainda não tinha a sua Casa, a zona Centro. Por outro lado, este era um sonho desde há muitas gerações e que agora, finalmente, se conseguiu cumprir”, adicionou Francisco José Simões Coelho Gil, presidente da direção da nova entidade açoriana, recordando que a Casa ainda não tem espaço físico para a sede.
Durante a cerimónia, foi assinado um protocolo de cooperação entre o Governo dos Açores, por meio da Secretaria Regional dos Assuntos Parlamentares e Comunidades, e a Associação Casa dos Açores da Região Centro, que visa “promover e assegurar uma ligação entre a Associação e o Governo da Região, disponibilizando experiência, contactos, influências, etc.”, referiu Francisco Gil, que disse a presença de açorianos na região Centro “não está quantificada, mas a percepção é de que é vasta”.
“Logo à partida existe uma população flutuante, por força dos estudantes colocados em instituições do ensino superior na região centro, não só em Coimbra, e dos doentes e acompanhantes deslocados em consultas e/ou tratamentos, esses sim, essencialmente em Coimbra. Depois, todos os açorianos que ao logo dos anos se instalaram e desenvolveram as suas vidas na região, seguramente estaremos a falar de números a rondar os milhares, considerando, como referiu, os açorianos e açordescendentes”, afirmou este responsável, que acredita que existam cerca de 400 estudantes dos Açores na região.
Os primeiros passos da Associação serão a elaboração de um plano de atividades, além de um programa sócio cultural para dinamizar a divulgação da cultura e tradições açorianas junto da população local.
“Pretendemos realizar uma semana cultural açoriana, algumas sessões/palestras histórico culturais e também alguns espectáculos musicais”, disse Francisco Gil, que considera ser importante criar condições para que a sede seja em Coimbra, num perímetro compreendido entre o eixo baixa da cidade/universidade/Centro Hospitalar Universitário.
“Esperamos que (…) a população açoriana residente em Coimbra consiga cada vez mais ter nesta associação (…) uma maior proximidade à sua terra Natal ou (…) uma menor sensação de distância, afastamento, saudade”, adiantou Francisco Gil, que nasceu em Angra do Heroísmo, em 1979, tendo vivido toda a sua infância e juventude na Ilha Terceira.
“Os principais objetivos da associação são a ligação e ajuda aos estudantes, aos doentes e acompanhantes, à “diáspora” local e aos habitantes da zona Centro que pretendam aproximar-se da realidade açoriana; claro que exerceremos com todo o orgulho e dignidade o papel de embaixadores “informais” da açorianidade e para tal contaremos desejavelmente com a interligação e colaboração do Governo Regional”, avaliou Francisco Gil, que espera que a Casa seja “um legado para as gerações futuras de açorianos que venham a trilhar os mesmos caminhos que outrora trilhámos”, mas que sintam que tem “outro tipo de apoio” e “outro Porto de abrigo que nós (…) não tivemos”.
“Este não era só um desafio, era essencialmente um sonho, meu e de todos os que constituem este grupo fundacional. Definimos que este projecto iria ver a luz do dia, que iria vingar”, finalizou Francisco Gil, que chegou em setembro de 1998 a Coimbra para frequentar a licenciatura em Medicina Dentária, cidade onde mora e trabalha desde 2004, é casado e pai de duas filhas.
Segundo apurámos, Francisco Coelho Gil (Presidente), Nuno Freitas (Vice-presidente) e Ana Goulart (Secretária) constituem a primeira direção da associação. A assembleia geral será composta por Paula Amaral (Presidente), Antonieta Reis Leite (Vice-presidente) e Idalino Rocha (Secretário), enquanto Paulo Fernandes, Pedro Moniz e Sónia Garcia integram o Conselho Fiscal como presidente, vice-presidente e vogal, respetivamente.
Na opinião do presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, é uma “alegria (…) ver que um sonho se tornou numa boa expetativa e o projeto, numa realidade”.
“A Casa dos Açores da Região Centro e todas as Casas dos Açores e os seus dirigentes são verdadeiramente uma embaixada dos Açores e da açorianidade”, afirmou Bolieiro, que acredita ser “relevante o resgate das origens”.
Noutros pontos do mundo
A Casa dos Açores da Região Centro é a quarta associação agora existente em território português, depois das Casas dos Açores de Lisboa (1927), do Norte (1980) e da Madeira (2021). Com a criação da Casa dos Açores da Região Centro cresce para 19 o número de Casas dos Açores espalhadas pelo mundo, designadamente, no Brasil (Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Estado do Rio Grande do Sul, Maranhão, Espírito Santo e Bahia), Estados Unidos da América (Hilmar e Nova Inglaterra), Canadá (Ontário, Quebeque e Winnipeg), em Portugal (Lisboa, Norte, Centro e Madeira), Bermuda e Uruguai.
De acordo com José Andrade, diretor regional das Comunidades do Governo dos Açores, “a criação da Casa dos Açores da Região Centro é importante para a afirmação estratégica da presença açoriana no território nacional”.
“Já tínhamos as Casas dos Açores de Lisboa (1927), Norte (1980) e Madeira (2019). Agora, temos a Casa dos Açores da Região Centro, com sede em Coimbra, e, provavelmente ainda este ano, teremos a Casa dos Açores da Região Sul, sedeada em Faro e correspondente às regiões do Algarve e Alentejo”, reiterou.
“Todo o território português exterior à Região Autónoma dos Açores ficará assim coberto por instituições vocacionadas para a promoção e dinamização da açorianidade. As cinco Casas dos Açores sediadas em Portugal poderão, inclusivamente, constituir uma rede nacional de intercâmbio e cooperação, com vantagem para a nossa Região, nos planos cultural, social e económico”, defendeu José Andrade. ■