O violonista português Manuel de Oliveira despede-se da sua temporada brasileira com uma apresentação do seu concerto “Lopping Solo” na Casinha do Núcleo, dia 31 de maio, sexta-feira, às 20h. O músico decidiu doar o valor dos ingressos para a instituição “Ajuda Para Todos os Artistas” (APTA-RS), após dizer-se “sensibilizado com a situação dos desabrigados do Sul” do Brasil, depois das fortes chuvas que causaram um verdadeiro caos no estado do Rio Grande do Sul. A ideia do artista é promover essa campanha de arrecadação para auxílio emergencial para a classe artística.
Natural de Guimarães, Portugal, o guitarrista contemporâneo tem sido presença destacada nos principais festivais de jazz europeus. Ao lado de músicos como Brad Meldhau e Chick Corea, estabeleceu-se com um género inovador que dialoga entre várias culturas Ibéricas, como o Fado e o Flamenco, em uma vertente forte de improvisação jazzística. Apresentou-se em maio, na Casa de Portugal de São Paulo e em Ilhabela, com a participação especial do violonista Ulisses Rocha. O projeto tem o apoio da DST Group.
“Looping Solo” é uma experiência musical onde Oliveira adapta as suas próprias composições, além de uma versão da música “Venham mais cinco”, de José Afonso, para um formato solo, utilizando violão, viola braguesa e percussões. Através da manipulação de tecnologia que lhe permite gravar sons em tempo real, Oliveira conduz o público em uma jornada imersiva, transcendendo a noção de tempo. Na sua forma original de se expressar, música, fronteira, território, comunidade e identidade serão sempre palavras-chave.
Com mais de 20 anos de carreira, Manuel de Oliveira consolidou-se como um dos mais proeminentes violonistas contemporâneos. Autodidata, absorveu influências de diversas culturas musicais, incluindo flamenco, música sul-americana e fado, criando uma identidade sonora reconhecível em constante evolução. Os seus concertos e documentários foram lançados pela Qwest TV, canal do icónico Quincy Jones.
Oliveira já participou em festivais internacionais de prestígio, ao lado de grandes nomes como Brad Mehldau, Chick Corea, Mike Stern e Richard Galliano. Os seus espetáculos, como “Os nossos afetos” e “Ibéria Live”, receberam aclamação do público e crítica, marcando presença em eventos como a Guimarães 2012 – Capital Europeia da Cultura.
O artista recebeu o Prémio Carlos Paredes pelo álbum “Ibéria 20|22”, em colaboração com os músicos Jorge Pardo e Carles Benavent, notáveis fundadores do sexteto de Paco de Lucia. Em 2023, esteve presente na abertura do MIMO Festival, no Brasil, em 2023. Produziu ainda “Os nossos afetos”, espetáculo de abertura da Guimarães 2012 – Capital Europeia da Cultura, com Cristina Branco, Chico César e Rão Kyao. Em 2016, participou do “Ibéria Live”, com os conceituados Jorge Pardo e Carles Benavent, fundadores do Flamenco Jazz, que esgotou o CCB e a Casa da Música, em Lisboa.
Recorde-se que a classe artística do Rio Grande do Sul também foi afetada pelas enchentes no Estado brasileiro e encontra-se com as suas atividades totalmente paralisadas. Por conta disso, as produtoras culturais Cida Pimentel e Joka Alovisi criaram a APTA RS – “Ajuda para Todos os Artistas do Rio Grande do Sul”. Uma campanha que visa oferecer auxílio emergencial por, pelo menos, três meses aos trabalhadores da cultura atingidos pela catástrofe climática. ■