“Literatura em diálogo” foi tema de conversa entre Aline Bei, Afonso Cruz e Marcelino Freire

Afonso Cruz comentou que o seu próximo livro, “Fábrica de criadas”, é mais uma narrativa singular — pelas quais já é conhecido — envolvendo um asilo, duas crianças e uma boneca de papel

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12º edição do Festival Literário Internacional de Araxá – Fliaraxá decorreu na Fundação Calmon Barreto, entre os dias 19 e 23 de junho, no estado brasileiro de Minas Gerais
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A escritora Aline Bei e o autor português Afonso Cruz conversaram no dia 21 de junho no 12º Fliaraxá com o escritor Marcelino Freire. O papo perpassou a obra dos dois autores e a maneira como elas dialogam com diferentes expressões artísticas, a importância da infância no trabalho que realizam enquanto adultos e os experimentos textuais e editoriais que seus livros apresentam.

Marcelino Freire deu início à conversa incentivando os convidados — multifacetados — a compartilharem com o público a maneira como outras expressões artísticas que realizam dialogam com a literatura que produzem. Aline Bei se formou enquanto artista, primeiramente, dentro do teatro: ”Essa formação no teatro me levou para a escrita, mesmo que inconscientemente. Mas o teatro não foi embora. Eu fico nessa fronteira. Ser atriz me ajuda a entender o ritmo dos meus textos”. Ela também destacou o quanto a escrita é um trabalho solitário, enquanto o teatro é construído na coletividade. Na sequência, Afonso Cruz declarou não gostar de fronteiras dentro do trabalho que realiza. O escritor português também é músico e artista plástico, sendo responsável, inclusive, pelas ilustrações de alguns de seus livros.

Na sequência, Marcelino pediu para os convidados mergulharem em suas infâncias, compartilhando com o público presente suas respectivas formações. Aline declarou que a infância é onde ela se alimenta para escrever suas obras. “A infância sempre traz um frescor para a própria palavra”. Numa casa sem livros, a biblioteca da escola se transformou em um refúgio para Bei. “Eu guardava os livros na minha memória e contava para minha mãe. Acho que a atriz começou a surgir nesse movimento de levar a história de um lugar para outro”. Afonso Cruz comentou ter tido muita sorte enquanto criança. Filho único, passou muito tempo com os livros — numa casa com biblioteca em casa. “Aquela casa era cheia de objetos estranhos. Era um mundo muito fascinante”.

Conhecido por sua oficina literária, por onde passaram muitos dos maiores escritores e escritoras do país — Aline Bei foi uma de suas alunas — Marcelino Freire pediu para que Bei falasse sobre a “mancha do texto”, o espaço utilizado da página do livro em sua escrita. Os livros de Aline são conhecidos por uma construção textual singular, que reflete na disposição das palavras e frases ao longo das páginas. “Aos poucos eu fui encontrando esse modo de dizer que foi me ensinando o meu próprio ritmo”. Marcelino destacou como os livros de Afonso Cruz desarranjam algumas normas da literatura e dos livros. Um de seus livros, inclusive, possui três finais diferentes. Dois destes finais foram editados em exemplares únicos, lançados juntos da tiragem inicial do livro.

Aline Bei compartilhou com o público presente alguns detalhes de seu terceiro livro, uma narrativa sobre avós, que surge a partir de uma frase de seu último romance, “Pequena coreografia do adeus”.”Eu vou encontrar meu próximo livro no livro que escrevo. É quase como um novelo que vai puxando uma coisa e outra”. Já Afonso comentou que seu próximo livro, “Fábrica de criadas”, é mais uma narrativa singular — pelas quais já é conhecido — envolvendo um asilo, duas crianças e uma boneca de papel. O livro foi publicado, primeiramente, como um folhetim no jornal português Público, que foi publicado entre 25 de Abril de 2023 e 25 de Abril de 2024, quando se completaram 50 anos da Revolução dos Cravos, em Portugal. ■

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