Governo Regional da Madeira lamentou o falecimento do cantor e compositor luso-guianês Dave Martins

Autoridades disseram que o músico “foi um ícone cultural, e fruto da sua paixão, dedicação e talento, elevou a cultura e música guianense, com raízes nos cordofones madeirenses, a um patamar internacional”

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Viveu a sua adolescência numa casa alugada em Vreed-en-Hoop e frequentou a escola na Igreja do Sagrado Coração, na Main Street, sob a fé católica
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O Governo Regional da Madeira, através da Direção Regional das Comunidades e Cooperação Externa, emitiu no início de setembro uma nota de pesar pelo falecimento do músico lusodescendente nascido em Guiana, Dave Anthony Martins.

“Foi com profundo pesar que tomámos conhecimento do falecimento do lendário músico, filho de pai madeirense, Dave Martins, a 19 de agosto na Guiana, aos 90 anos”, lê-se na nota enviada às redações, assinada pelo Diretor Regional das Comunidades e Cooperação Externa, Sancho Gomes.

O funcionário madeirense comentou ainda que Dave Martins deixou um grande legado musical e cultural nas Caraíbas e tornou-se numa figura de relevo naquela parte do globo. Fez parte da premiada banda de cordas caribenha Tradewinds e assumiu-se como porta-voz daqueles que não tinham voz.

No mesmo texto, assegura, no qual se sublinha que o músico “foi um ícone cultural, e fruto da sua paixão, dedicação e talento, elevou a cultura e música guianense, com raízes nos cordofones madeirenses, a um patamar internacional”.

Dave Anthony Martins Barcelos nasceu em 1934, na aldeia guianense de Hague, nas Ilhas Essequibo-Demerara Ocidentais, filho do emigrante português Joseph Francis Martins, nascido no Funchal, Madeira, e da luso-guianesa Zepherina Barcelos, e cresceu num lar em que os pais falavam português entre si na maior parte do tempo. 

Viveu a sua adolescência numa casa alugada em Vreed-en-Hoop e frequentou a escola na Igreja do Sagrado Coração, na Main Street, sob a fé católica. Stanislaus College em Georgetown, sendo recordado pelos seus comentários pungentes, espírito jovial e música lendária que tocava todos os cantos da sua terra natal. Em 2022, Martins recebeu o título honorário de Doutor em Letras da Universidade da Guiana.

A viagem de Martins levou-o da Guiana para Toronto, no Canadá, onde aperfeiçoou a sua arte e se tornou um pioneiro na cena musical das Caraíbas. Em 1966, fundou The Tradewinds, uma banda que se tornaria um símbolo do orgulho e da resistência das Caraíbas. Com uma combinação única de ritmos calipso, sátira mordaz e mensagens sinceras, a música de Martins captou a essência da experiência das Caraíbas. 

Martins, vocalista e fundador dos The Tradewinds, tornou-se famoso pelas suas canções cativantes: “Cricket in the Jungle”, “Civilization”, “It’s Traditional”, “Copycats”, “Guyana Coming Back”, “Wong Ping”, “West Indian Alphabet” e “Not a Blade of Grass”, A banda ganhou rapidamente popularidade, tornando-se um nome musical na Guiana, nas Caraíbas e na diáspora guianense.

A sua mulher, Annette Arjoon Martins, comentou na sua conta da rede social Facebook que está eternamente grata por ter partilhado quinze anos de amor incondicional, de apoio e, sobretudo, de paixões partilhadas por tudo o que é guianês com a minha alma gémea”, agradecendo depois aos muitos fãs que manifestaram a sua tristeza pelo falecimento do querido letrista.

O presidente da Guiana, Mohammed Irfaan Ali, também manifestou a sua tristeza pelo falecimento de Martins e disse que o guianense com origens portugueses foi um “verdadeiro ícone das Caraíbas que, através da sua música, representava o amor e o patriotismo da Guiana”. 

“Estou profundamente triste por saber do falecimento de Dave Martins. As suas contribuições para a música, a cultura e a comunidade deixaram uma marca indelével. O talento, a paixão, a dedicação e o patriotismo de Dave eram verdadeiramente inspiradores e o seu legado perdurará nas inúmeras vidas que tocou”, declarou o vice-presidente da Guiana, Bharrat Jagdeo.

Marcos Ramos Jardim, correspondente na Venezuela

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