Governantes de cidade brasileira visitaram o Fundão durante missão empresarial liderada pela Câmara de Comércio da Região das Beiras

Objetivo foi estreitar laços comerciais entre o Brasil e a região das Beiras. Inovação, tecnologia, turismo, desenvolvimento, startups e produtos regionais chamaram a atenção dos visitantes

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Entre os dias 26 e 29 de janeiro foram explorados potenciais turísticos e empresariais
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Chegou ao fim no último dia 29 de janeiro uma missão empresarial à Beira, liderada pela Câmara de Comércio da Região das Beiras (CCRB), com sede em Vale de Prazeres, Fundão, região Centro de Portugal, que trouxe ao Interior uma extensa comitiva da prefeitura de Maricá, município brasileiro localizado no Estado do Rio de Janeiro. Comandada pelo prefeito Washington Quaquá, a visita contou com empresários e governantes brasileiros que, entre os dias 26 e 29 de janeiro, realizaram visitas institucionais e culturais. A “Missão Maricá – uma imersão pelas Beiras” pretendeu “conectar ecossistemas entre a região de Maricá, Brasil, e a região das Beiras, em Portugal”. Uma missão inversa e um grande evento, levando as Beiras ao Brasil, estão a ser estruturados com a presença da CCRB.

De acordo com a comitiva brasileira, a missão procurou ainda “boas experiências na Europa para gerar mais empregos e renda para a população maricaense”.

Para Ana Correia, presidente da CCRB, a missão teve “resultados muito positivos, porque os propósitos do prefeito Washington Quaquá estão em linha com os objetivos estratégicos da nossa entidade”.

“Os objetivos passam pela promoção do crescimento, incentivar o desenvolvimento de negócios locais, a atração de investimentos, criação de condições favoráveis para atrair novos investimentos, fomento à inovação e apoio às iniciativas que promovam novas ideias e tecnologias”, frisou Ana Correia, que demonstrou otimismo em relação ao futuro da parceria com a prefeitura de Maricá.

“Acredito que essa colaboração não apenas catalisará o crescimento económico, mas também resultará num impacto positivo duradouro na qualidade de vida dos cidadãos da região das Beiras, bem como no impacto que terão as Beiras no Município de Maricá. Essa visão compartilhada pode criar um ambiente propício para a inovação e o desenvolvimento, beneficiando a todos os envolvidos”, disse.

Por seu turno, João Morgado, vice-presidente da CCRB, avalia que o Interior português possui experiência em setores específicos que podem agregar valor ao mercado brasileiro, como vinicultura de alta qualidade, produção de azeite premium, indústria têxtil tradicional, queijos e produtos lácteos artesanais certificados, dinâmica cultural e turística, entre outros temas.

“Maricá vive uma reconhecida expansão económica, com vontade de construir projetos inovadores e agregar mais valor aos nossos produtos. Num primeiro plano, podemos partilhar conhecimento no setor têxtil, intercâmbio tecnológico, aplicado ao agronegócio, intercâmbio cultural e educacional e desenvolvimento de rotas turísticas complementares”, confirmou Morgado.

Inovação e tecnologia

Em visita ao Fundão, onde ficaram centradas parte das conversações, o prefeito de Maricá viu serem destacadas pelo presidente da Câmara Municipal de Fundão, Paulo Fernandes, as ações no município brasileiro, sobretudo no ramo da inovação e da tecnologia. Depois do encontro, a comitiva de Maricá quer agora “estreitar laços comerciais e prospetar novos negócios e investimentos, além de colher experiências que podem ser replicadas no Brasil”.

O presidente da Câmara Municipal do Fundão ressaltou que as medidas atualmente adotadas em Maricá têm semelhanças com o processo vivido no Fundão.

“Apesar de Maricá ser um município com muita densidade relativa ao número de pessoas, com uma economia do petróleo, na visão das coisas não é tão diferente. Aqui, somos completamente orientados para a economia, para a inovação. Seguimos este caminho há dez anos (e somos um caso europeu). Hoje, temos aqui mais engenheiros informáticos per capita do que no Vale do Silício. Há dez anos, tínhamos três engenheiros informáticos que trabalhavam na prefeitura. Não havia uma única empresa tecnológica. E as crianças, agora, estão a estudar programação e inteligência artificial nas escolas. É incrível”, revelou Paulo Fernandes, que sugeriu que Maricá tem ainda mais potencial para atrair novos empreendimentos e dinamizar a economia, garantindo a geração de emprego e renda para a população local.

“É preciso ter gabinetes de apoio ao investidor, com pessoas que falem bem inglês, que consigam perceber as necessidades e fazer bem a interligação dos setores, entre o ordenamento e o licenciamento, entender algo de economia. Isto é, para nós, uma porta de entrada espetacular”, disse Paulo Fernandes.

Ainda no Fundão, a equipa de Maricá conheceu um território com grande potencial turístico e de negócios. A ideia é seguir o exemplo português, que está atraindo talentos e investimentos por meio de uma estratégia de longo prazo.

“Durante o conhecimento dessas cidades que se destacam com boas experiências na Europa, estamos fazendo também a internacionalização do nome de Maricá. Estamos apresentando a cidade para investidores que podem gerar postos de trabalho, melhorando a vida da nossa população. É uma via de mão dupla e que só contribui para a aceleração do desenvolvimento do nosso município”, sublinhou o secretário de Relações Internacionais de Maricá, Jorge Castor.

O grupo conheceu ainda as instalações da incubadora do Fundão e trocou experiência com o poder público local, já que Maricá também conta com incubadoras de empresas e negócios, o que facilita o diálogo entre as duas cidades.

“Temos também dez coworkings espalhados pelo Fundão e acolhimento empresarial de empresas maiores que querem mudar para cá”, disse Inês Carmo, coordenadora da incubadora.

Programa empresarial e cultural

No dia 26 de janeiro, a comitiva de Maricá deixou Madrid com destino ao Fundão. Já no dia seguinte, 27, houve visita à Fábrica da Criatividade com passagem pelo Miradouro da Portela da Gardunha. Houve tempo para uma paragem na Adega Cooperativa do Fundão para prova de vinhos e produtos regionais.

No dia 28, teve lugar uma visita aos concelhos do Fundão e de Belmonte e ao Centro de Negócios e Serviços “Move to Fundão”, “FABLAB” e “Incubadora”, com a participação dos vereadores do Fundão, Alcina Cerdeira e Pedro Neto. A Quinta Experimental, a Casa da Cereja e a casa do Secretário Geral das Nações Unidas, António Guterres, foram outros pontos de interesse. O grupo foi recebido na Câmara Municipal do Fundão, onde pode conversar com Paulo Fernandes, autarca local, que explicou a dinâmica de desenvolvimento do município que lidera. Em Belmonte, os centros das atenções foram o Castelo e os museus.

Já no dia 29, antes de terminarem a missão e seguirem para Lisboa, a comitiva de Maricá visitou a Serra da Estrela, com paragem no Pelourinho da Covilhã.

Segundo apurámos, a ideia agora é formatar uma missão inversa a Maricá, no Brasil, ainda este ano, com o intuito de dar início às oportunidades entre o governo de Maricá e a CCRB.

“A criação de iniciativas que unam Portugal e Brasil em áreas como cultura, gastronomia, enologia e negócios é uma estratégia promissora para fortalecer os laços entre os dois países”, finalizou a presidente da CCRB.

Passagem pela Espanha

Antes de chegarem a Portugal, as autoridades de Maricá marcaram presença na Feira Internacional de Turismo – FITUR, uma iniciativa promovida pelo IFEMA e pela Organização Mundial do Turismo (OMT), entre 24 e 26 de janeiro, em Madrid, Espanha.

Em Madrid, Washington Quaquá apresentou ao público e a investidores internacionais os projetos estratégicos do município, entre eles a implementação do parque histórico Puy du Fou, com sede em França e na Espanha. O empreendimento, que já atrai milhões de visitantes anualmente em outros países, estima levar três milhões de turistas para Maricá, consolidando a cidade como um polo turístico no Brasil.

“Estamos transformando a economia de Maricá para uma economia do turismo, da cultura, da ciência e tecnologia, da agricultura orgânica e da agroindústria. O turismo será uma alavanca fundamental, criando milhares de empregos e beneficiando diretamente as famílias e os moradores”, afirmou Quaquá, durante participação no evento.

Outro destaque apresentado na FITUR foi o projeto para a construção de um conjunto de hotéis na orla de Itaipuaçu, de três e quatro estrelas. O complexo, projetado para atender a diferentes públicos, combina sofisticação e acessibilidade, ampliando as opções de hospedagem no município.

Destino brasileiro em expansão

Recorde-se que Maricá é conhecida pelas suas praias oceânicas, com um território que se estende por 362.480 km², dividido entre os distritos Maricá (sede), Ponta Negra, Inoã e Itaipuaçu. A população é estimada em 167.668 pessoas, segundo dados de 2021.

Estudiosos explicam que a colónia Maricá começou a ser povoada no início do século XVI, devido à necessidade da Coroa Portuguesa de defender o litoral de ataques dos corsários franceses. A partir de 1574, as terras foram doadas aos colonizadores portugueses, divididas em sesmarias (lotes de terras distribuídos em nome do rei de Portugal, com intenção de incentivar o cultivo em terras virgens).

Em 1814 (considerado o ano da fundação da cidade de Maricá), o local passou a se chamar Vila de Santa Maria de Maricá, em homenagem à rainha D. Maria I de Portugal. Em 1889, o recém-criado governo republicano elevou a vila à categoria de cidade. O nome Maricá vem de uma árvore denominada Mimosa sepiaria Benth, popularmente conhecida como espinheiro-maricá, muito comum e abundante na região. ■

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