A pandemia de Covid-19 escancarou problemas sociais e económicos ao redor do mundo e a fome foi um dos destaques negativos causados pela crise sanitária. Segundo o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19 no Brasil, cerca de 33 milhões de pessoas estão famintas e mais de 50% da população brasileira se encontra em situação de insegurança alimentar.
A preparadora física Sofia Lourenço, pós-graduada em Medicina Ortomolecular, Nutrição Funcional e Fitoterapia, sócia da Clinibeira – Clínica Médica, Dentária e Medicinais Naturais, Lda, localizada em Castelo Branco, Portugal, sublinha que questões alimentares podem desencadear inúmeros distúrbios, sejam físicos ou mentais.
Esta profissional reconhece as dificuldades de cuidar da alimentação e de seguir uma dieta equilibrada. Porém, existem caminhos a serem seguidos, que não são caros e fazem a diferença, “como a redução do consumo de sal”.
“Portugal e Brasil são países cuja alimentação possui os mesmos elementos devido ao período colonial e a presença do sal se faz marcante. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a quantidade diária de sal a ser consumida por um adulto deve ser de no máximo 5g. Segundo o levantamento feito pela Portuguese HYpertension and Salt Study (PHYSA), os portugueses ingerem cerca de 10,7g diariamente. O Brasil não está melhor neste quesito, 9,3g de sal são consumidas diariamente pelo brasileiro médio, como aponta estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), em 2013”, comentou Sofia Lourenço, que é natural de São Paulo e reside em Portugal.
Ao enxergar os problemas que podem ser gerados pelo consumo excessivo de sal, esta especialista resolveu contribuir com dicas que podem influenciar na alimentação e evitar problemas cardiovasculares, por exemplo. Sofia explanou sobre cuidados que podem ser tomados para evitar o abuso.
“Cada um de nós pode começar por este ponto de partida, ter a consciência de começar na redução do sal, não só nos alimentos pré-cozidos, mas, também, na confecão em casa, acrescentando especiarias, ervas aromáticas, secas ou frescas, que enriquecem, não só o sabor, mas também valorizam o prato com propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias, drenantes. Enfim, uma panóplia de vantagens. O coração agradece, pois o consumo exagerado de sal é um dos responsáveis pelo aumento da tensão arterial”, frisou esta especialista luso-brasileira.
A preparadora física ressaltou ainda a importância da educação alimentar desde o início da vida. Com a agitação da rotina, o isolamento devido à pandemia e o retorno gradual das atividades, muitas vezes a alimentação não é prioridade da população, além do fator económico, que impactou diretamente a dieta das pessoas em época de coronavírus.
Sofia Lourenço trata como fundamental desenvolver o costume de se comer bem desde cedo, para evitar consumo de comidas prontas, rápidas, que possam prejudicar ainda mais a saúde.
“É imperativo frisar que os bons hábitos devem ser implementados desde tenra idade. Os pais devem desenvolver nas crianças a diversidade nos paladares, outro problema da sociedade moderna, o fast food, com o mesmo sabor, grandes quantidades de sal e gorduras saturadas e valor nutricional muito reduzido”, completou. ■