Conheça alguns dos impactos das novas políticas de imigração dos EUA para Portugal e Brasil

Autoridades dos Estados Unidos iniciaram operações em diversas regiões do país para deportar imigrantes em situação irregular e com antecedentes criminais

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Brasil já recebeu primeiros deportados; Açores preparam plano de contingência
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A nova administração de Donald Trump, nos EUA, trouxe mudanças significativas na política de imigração do país, com medidas mais restritivas que já geram preocupações entre as comunidades de imigrantes, incluindo a portuguesa e brasileira.

As autoridades dos Estados Unidos iniciaram operações em diversas regiões do país para deportar imigrantes em situação irregular e com antecedentes criminais. Nas últimas semanas, mais de mil pessoas foram detidas.

José Luís Carneiro, deputado do PS e antigo secretário de Estado das Comunidades, alertou que cerca de 3.600 portugueses podem ser afetados pelas medidas. Estes incluem principalmente ‘overstayers’, pessoas que excederam o prazo de permanência permitido pelo visto de 90 dias.

O Governo português minimizou o impacto potencial, com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, a afirmar que as deportações não terão “um impacto assinalável”. Em paralelo, os Açores, devido ao grande número de emigrantes oriundos da região, estão a preparar um plano de contingência para acolher eventuais deportados, incluindo medidas para habitação, saúde e inclusão.

Contudo, a resposta governamental tem sido alvo de críticas. Mário Francisco Ferreira, conselheiro das Comunidades Portuguesas, descreveu como “lamentável” a falta de preparação e comunicação por parte do Governo. Segundo Ferreira, questões urgentes, como apoio às famílias separadas por deportações, permanecem sem resposta, deixando as comunidades no escuro.

Dados recentes revelam que, em 2024, os EUA deportaram 69 portugueses, um aumento em relação aos 60 de 2023. Embora o número seja inferior aos registados em 2019 (101 deportações), reflete uma tendência crescente nos últimos dois anos. Além disso, cidadãos de outros países lusófonos, como Angola e Brasil, também enfrentaram aumentos significativos no número de deportações. O Brasil, por exemplo, já recebeu centenas de cidadãos deportados, criando um ambiente negativo entre os dois países, em virtude do tratamento dado aos brasileiros no voo de regresso ao Brasil. O presidente brasileiro, Lula da Silva, chegou mesmo a admitir que houve quebra na lei dos direitos humanos desses cidadãos.

Sob a administração de Joe Biden, a política de imigração focava-se em métodos mais humanitários, priorizando deportações de pessoas com antecedentes criminais graves. No entanto, a administração Trump volta a adotar uma postura mais rígida, ampliando os critérios para deportações e intensificando operações de fiscalização.

A comunidade portuguesa nos EUA, que tradicionalmente reside em estados como Massachusetts, Rhode Island e Califórnia, está particularmente preocupada com a possibilidade de separação de famílias e o impacto económico das deportações. Muitos imigrantes contribuem para setores cruciais, como construção civil, hotelaria e serviços, sendo peças fundamentais para as economias locais.

As comparações com a era Biden destacam uma abordagem mais agressiva por parte da administração Trump, o que preocupa organizações de direitos humanos e líderes comunitários. Muitos alertam que uma política tão rígida pode gerar tensões sociais e afetar negativamente as relações bilaterais entre os EUA e países como Brasil e Portugal. ■

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