Um espetáculo de teatro musical, uma mostra de cinema, uma residência artística e uma exposição marcam a associação do Coliseu Porto Ageas às comemorações do bicentenário da independência do Brasil, que se assinala no próximo dia 7 de setembro. Sob o título MPB – Movimento Porto Brasil, as quatro iniciativas decorrem de 7 de setembro a 15 de novembro e procuram celebrar a enorme diversidade e riqueza da cultura brasileira.
No dia 7 de setembro inaugura-se, no Coliseu, “Contracapa”, uma exposição de 20 ilustrações da autoria de Júlio Dolbeth, com as suas interpretações das capas de discos icónicos que marcam a história da música brasileira. Caetano Veloso, Elis Regina, Elza Soares, João Gilberto, Maria Bethânia, Os Mutantes e Chico Buarque são alguns dos artistas retratados nesta exposição, que contou com a colaboração do programador André Gomes e que teve uma primeira mostra este ano, no Auditório de Espinho.
Júlio Dolbeth nasceu em Angola em 1973, vive e trabalha no Porto. É cofundador da Dama Aflita, uma associação cultural e galeria de arte dedicada à ilustração e desenho no Porto, fundada em 2009. “Contracapa” conta uma história que é artística e criativa mas que também dá conta dos valores cívicos, sociais e políticos do seu contexto. Poderá ser vista gratuitamente até 15 de novembro, em dias de espetáculo no Coliseu.
O nome de Chico Buarque volta a aparecer na programação MPB a 20 de outubro, dia em que sobe ao palco principal Gota d’Água {Preta}, peça de teatro musical dirigida e protagonizada por Jé Oliveira, a partir da obra escrita por Chico Buarque e pelo poeta Paulo Pontes em 1975.
Se o musical de Chico e Paulo Pontes adaptou a tragédia grega de Medeia aos morros do Rio de Janeiro, para discutir as implicações sociopolíticas da ditadura militar brasileira, então vigente, a releitura de Jé Oliveira atualiza a obra, reunindo um grande elenco predominantemente negro, onde se realça a realidade da mulher negra e a luta de classes, ainda tão atual.
“É como se estivéssemos realizando a coerência que a peça sempre pediu e até hoje não foi realizada”, destacou Jé Oliveira. E se em Medeia havia reis e feiticeiros, na tragédia brasileira temos pobres e macumbeiros, além de um coro negro, em alusão ao grego. Destaque para a musicalidade da peça, com um DJ, instrumentos de percussão, guitarra, violão, cavaco e saxofone tocados ao vivo. A peça recebeu várias nomeações e distinções, incluindo o Prémio da Associação Paulista de Críticos de Arte para Melhor Direção. Chega ao Porto inserida na Mostra São Palco 2022, organizada pela companhia O Teatrão, e à qual o Coliseu se associa.
Entre 15 de setembro e 15 de novembro decorre a Mostra de Cinema Documental Brasileiro. O Porto/Post/Doc, através do programa “Há Filmes Na Baixa!”, e em parceria com o Coliseu, apresenta um conjunto de documentários relacionados com a cultura brasileira, como “Tropicália”, filme onde o realizador Marcelo Machado mostra um olhar contemporâneo deste importante movimento cultural que explodiu no Brasil na década de 1960.
Entre exibições inéditas ou projeções de filmes de antologia, recuperam-se alguns dos momentos fundamentais da história da cultura brasileira, das favelas aos palcos onde a mesma se foi forjando, e os cruzamentos entre música, dança, artes plásticas, arquitetura ou teatro de intervenção. As exibições serão complementadas com um ciclo de mesas redondas para debater os temas centrais de cada obra, com convidados de várias áreas artísticas e cívicas. O programa detalhado será divulgado em breve.
Durante o mesmo período temporal, terá lugar na sala Lounge Ageas – um novo espaço de residências artísticas e valorização dos profissionais das artes visuais -, a primeira residência artística lançada pelo Coliseu. O espaço passou a integrar o programa InResidence, e é com o apoio desta Rede integrada na Ágora – Cultura e Desporto do Porto, que revelamos agora o vencedor da primeira residência artística: Gustavo Silvamaral. Nascido em Brasília em 1995, é licenciado em Artes Visuais pela Universidade de Brasília e é lá que continua a desenvolver o seu trabalho. Durante dois meses, estará no Porto a desenvolver uma nova criação.
No contexto do bicentenário da Independência do Brasil, do centenário da Semana de Arte Moderna e de Brasília – Capital Ibero-americana das Culturas 2022, o Coliseu Porto Ageas estabeleceu parceria com o Camões – Centro Cultural Português em Brasília, em colaboração com o Governo do Distrito Federal de Brasília, e destinou a sua primeira residência artística a artistas visuais residentes em Brasília. A open call decorreu em junho e recebeu 51 candidaturas.
MPB – Movimento Porto Brasil completa uma série de iniciativas individuais que, ao longo de 2022, celebraram no Coliseu a cultura brasileira, de que são exemplo a série Rua das Pretas, os espetáculo de humor de Whindersson Nunes e de dança, com Samba de Guerrilha, inserido no Festival DDD, a ópera “Os Noivos” e concertos de nomes como Martinho da Vila, Alcione ou Dora Morelenbaum.
Programação:
7 a 15 de setembro: Exposição “Contracapa”, de Júlio Dolbeth, com 20 ilustrações de capas de discos icónicos que marcam a história da música brasileira;
20 de outubro: Espetáculo de teatro musical “Gota d’Água {Preta}, de Jé Oliveira, a partir da obra escrita por Chico Buarque e Paulo Pontes;
15 de setembro – 15 de novembro: Mostra de Cinema Documental Brasileiro e ciclo de mesas-redondas;
15 de setembro – 15 de novembro: Residência Artística Lounge Ageas com artista brasileiro Gustavo Silvamaral. ■