Carlos Madruga da Costa quer mostrar os “Açores de hoje” ao público madeirense

Conheça a única casa açoriana na Madeira

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Carlos Madruga da Costa, presidente da direção da Casa dos Açores na Madeira
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Localizada no Funchal, a Casa dos Açores na Madeira celebrou, em dezembro do ano passado, quatro anos de existência. Após um período pouco ativo em virtude da pandemia de Covid-19, esta entidade retomou fôlego e tem promovido diversos eventos e encontros com o objetivo de divulgar a cultura, as tradições e as potencialidades dos Açores contemporâneo diante do público madeirense, mas, também, servir de “porto de abrigo” para os açorianos e açordescentes que escolheram viver na região autónoma da Madeira ou que simplesmente estão de passagem pelas ilhas irmãs.

A nossa reportagem conheceu de perto a simpática casa de dois andares sediada na Rua das Pretas, nº. 67-A, na capital madeirense. Um local que apela aos sentidos com imagens do arquipélago e com uma aposta focada na cultura, arte e património dos Açores. Para entender melhor todo o trabalho realizado, conversamos com Carlos Madruga da Costa, presidente da direção da Casa dos Açores na Madeira, que explicou as ações, os desafios, as conexões entre os Açores e a Madeira e revelou o que espera do futuro em termos associativos.

A Casa dos Açores na Madeira foi inaugurada há quatro anos, passou pela pandemia e teve as suas dificuldades como outras casas do movimento associativo português que estão espalhadas pelo mundo. Que atividades desempenham hoje em dia?

Nós nascemos ou fomos criados em dezembro de 2019 e, depois, em março de 2020, aconteceu a pandemia e, como todas as outras associações deste tipo, tivemos que encerrar portas e suspender as atividades durante algum tempo. Em agosto de 2021, conseguimos este espaço e inauguramos a nossa sede, de modo que seja possível, de uma forma continuada, apresentar e mostrar aos madeirenses e ao público em geral, as nossas tradições, a nossa cultura, como também mostrar os Açores de hoje, a nossa economia e os nossos produtos de excelência.

Em termos de calendário, que ações são mais fortes na vossa Casa?

Todos os anos tentamos fazer, pelo menos uma vez ao ano, uma sessão dedicada ao Divino Espírito Santo, que é um facto que marca toda a cultura e religiosidade açoriana, data que é celebrada em todas as Casas dos Açores pela diáspora. Esta é uma atividade que fazemos todos os anos e repetimos. Valorizamos muito o tema do Divino Espírito Santo.

Quantos açorianos vivem na Madeira?

Temos conhecimento de cerca de 150 açorianos vindos dos Açores para a Madeira. Sem falar nas descendências, que já faz um número maior. Mas também nos aparecem pessoas e somos contactados por pessoas que não fazem parte desse número.

Esses açorianos são provenientes de todas as ilhas?

Temos pessoas de quase todas as ilhas, mas não encontramos ainda ninguém do Corvo.  Esperamos que algum dia isso venha a acontecer.

Hoje em dia, a Casa, além de promover a cultura dos Açores, que objetivos tem?

O nosso objetivo, além de ser um ponto de onde se congrega a comunidade açoriana, é mostrar a nossa cultura, as nossas tradições, ser também um ponto de congregação da comunidade açoriana na Madeira, como também tentar ajudar os açorianos que cá venham, que precisam de ajuda, para que saibam que podem contar sempre com a nossa humilde ajuda ou com aquilo que possamos fazer por esse público.

O Carlos da Costa esteve em dezembro de 2023 no Conselho Mundial das Casas dos Açores, no Sul do Brasil. Como funciona essa integração com as outras Casas dos Açores? Que experiências tiram desse contacto?

Para nós, que fomos a casa mais jovem durante algum tempo, é muito proveitoso esta troca de experiências entre as casas, porque nós aprendemos muito com as casas, com as que têm muito mais experiência e podemos evitar determinadas e certas situações, menos boas ou menos bem conseguidas, o que tem sido muito frutuoso, como também perceber como é que eles trabalham na diáspora, digamos, as tradições e a cultura açoriana. Tiramos bons exemplos deste trabalho foi feito por eles.

Que apoio recebem do Governo açoriano?

Nós recebemos o apoio que é devido e que está vertido em legislação, como todas as outras casas que pertencem ao Conselho Mundial dos Açores.

Na Casa dos Açores na Madeira temos quatro bandeiras emblemáticas: uma de Portugal, outra dos Açores, uma da Madeira e a da União Europeia. Açores e Madeira, como devem estar, lado a lado. O que significa essa integração entre as duas regiões autónomas de Portugal?

Não há grandes diferenças entre as pessoas ou as populações da Madeira e dos Açores. Somos povos insulares e isso é uma base muito grande e comum entre ambos os povos. Tivemos algum tempo em que havia a Casa da Madeira nos Açores e não havia aqui a sua casa irmã. A partir de 2019, isso aconteceu, portanto, ficámos todos mais completos entre ambos os povos, no entanto, poderia ter havido um certo esmorecimento das relações entre ambas as regiões, mas pensamos que, com a casa da Madeira, e com a Casa dos Açores aqui na Madeira, isso é um fator comum que poderá levar com que não haja tanto esse esmorecimento entre as relações, entre ambas as regiões insulares, pelo menos na parte que nos diz respeito, enquanto casas, evidentemente.

O Carlos Madruga da Costa é arquiteto, atua na Câmara Municipal do Funchal profissionalmente, mas quem é exatamente o homem que lidera a única Casa dos Açores na Madeira?

Não fiz nada disso sozinho. Somos um conjunto de pessoas que, em 2019, decidiu que era a altura de abrir a Casa dos Açores na Madeira e era altura também o momento de mostrar aos madeirenses e à população residente na Região Autónoma da Madeira o que são os Açores de hoje, como é que os açorianos vivem nos Açores e como é que os Açores se expõem e se abrem ao mundo? Essa foi a razão principal da constituição da nossa Casa, depois, claro, sem esquecer nunca as nossas culturas e as nossas tradições e ser também o ponto de reunião dos açorianos aqui na Madeira.

Que mensagem deixa para a comunidade açoriana e para os seus descendentes na Madeira e no mundo?

A mensagem é sempre que nunca se esqueçam das suas origens e que ser açoriano é ter este sentimento de açorianidade, é uma coisa sem fronteiras. ■

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