O desabamento de parte do teto da Igreja da Ordem de São Francisco de Assis, conhecida como “igreja de ouro”, na tarde do dia 5 de fevereiro, provocou a morte de uma pessoa e ferimentos leves em mais cinco indivíduos. No dia 3, o guardião-diretor da igreja, frei Pedro Júnior Freitas da Silva, alertou ao Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (Iphan), do país, sobre os problemas no forro do teto e pediu uma vistoria.
Situada no bairro Pelourinho, Centro Histórico de Salvador, na Bahia, o local é tombado pelo Iphan. Após a tragédia, o espaço foi isolado pela Defesa Civil.
De acordo com informações divulgadas pelo Iphan, a Ordem Primeira de São Francisco é responsável pela gestão do património e a igreja é proprietária da ordem religiosa, porém, o órgão dá auxílio técnico e faz restaurações.
Até o momento nada foi esclarecido sobre as causas, mas a Polícia Civil havia despachado diretrizes ao Departamento de Polícia Técnica (DPT) para a realização dos trabalhos e daí surgirão os laudos periciais com os devidos esclarecimentos do que provocou a queda.
A turista morta pelo desabamento foi identificada pela Polícia Civil da Bahia como Giulia Panchoni Righetto, de 26 anos. Ela é natural do município de Ribeirão Preto, estado de São Paulo. O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) investiga a morte da jovem.
Em depoimento, o diretor da Defesa Civil de Salvador, Sósthenes Macedo, confirmou que “havia algumas partes comprometidas na estrutura” e “sem riscos de desabamento”. Por isso, o espaço não foi interditado.
Para o comandante do Corpo de Bombeiros Militares da Bahia, coronel Adson Marchesine, o desabamento foi uma “surpresa”. Este responsável ressaltou que havia “um projeto de reforma na igreja, mas não chegou ao conhecimento do Corpo de Bombeiros a necessidade de interditar o local. Realmente foi um fator surpresa, foi uma tragédia”.
O templo, considerado uma das Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no mundo, recebia a visitação dos turistas atraídos pelas obras de arte e objetos doados pelo rei de Portugal, Dom João V, e pelo papa Inocêncio XII. As obras da Igreja, bem como do Convento de São Francisco, começaram em 1686 e concluídas, graças a doações de moradores, em 1723. Mesmo assim, o património cultural e religioso foi aberto ao público em 1713.
O lugar guarda obras-primas da arte-sacra de mestres santeiros baianos e lusitanos. Há no local peças esculpidas em jacarandá e nos púlpitos e tetos com algumas pinturas realizadas em 1737 pelo português Bartolomeu Antunes, citado nos catálogos como o “mais importante mestre ladrilhador do país colonizador”.
Antes do desastre o lugar ficava aberto para visitação de segunda a sábado, das 9h às 17h, exceção aos domingos e feriados, das 10 às 16h. O ingresso, para cada pessoa, custa R$ 10, cerca de 1,65 euros. ■