Brasil conquista o primeiro Oscar na categoria “Melhor Filme Internacional” com “Ainda Estou Aqui”

Fernanda Torres interpreta Eunice Paiva, viúva do ex-deputado federal Rubens Paiva, que lhe garantiu o Globo de Ouro de melhor atriz

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Walter Salles, em triunfo, ergue o Oscar, o primeiro da história do cinema de língua portuguesa. Foto: Daniel Cole/Reuters
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O filme “Ainda Estou Aqui” obteve o primeiro Oscar do cinema brasileiro na categoria de Melhor Filme Internacional na 97ª edição da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. A outra categoria, a de Melhor Atriz, que concorreu com Fernanda Torres, não teve sucesso. A solenidade de premiação foi realizada no dia 02/02 à noite, com transmissão ao vivo para várias partes do mundo direto do Dolby Theatre, em Los Angeles, nos EUA.

Adaptado do livro homónimo de Marcelo Rubens Paiva, “Ainda Estou Aqui”, o 11º filme dirigido por Walter Salles, não foi o primeiro filme do diretor a ser indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Em 1999, Central do Brasil (1998) competiu e não obteve êxito, mas foi premiado, entre outros, com o BAFTA, o Globo de Ouro e o Urso de Ouro no Festival internacional de Cinema de Berlim e o Urso de Prata de Melhor Atriz para Fernanda Montenegro.

O filme resgata a história da resistência e da luta por justiça para crimes cometidos durante a ditadura militar ao retratar a vida da advogada e ativista brasileira Eunice Paiva, interpretada por Fernanda Torres, e reconhecida líder na defesa dos direitos humanos, da democracia e do direito à memória, à verdade e à justiça. 

Eunice Paiva, por 40 anos, buscou informações sobre o “desaparecimento do seu marido, Rubens Paiva, interpretado por Selton Mello, o ex-deputado federal assassinado durante a ditadura militar, estabelecida em abril de 1964 pelos militares e término em março de 1985, quando seguiu, em 1989, a eleição direta para presidente da República.

Rubens Paiva foi eleito deputado federal pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) em 1962 e, após o golpe, teve o mandato cassado pelo Ato Institucional Número Um (AI-1). Em 1971, ele foi preso por apoiar guerrilheiros e, de acordo com relatos, morreu nas dependências de um quartel militar.

Especialistas concordam que a “premiação atesta a excelência do cinema brasileiro, ampliando a sua projeção no cenário internacional. Além disso, reforça o indispensável papel da cultura como instrumento de memória e reflexão, destacando a importância da proteção e da promoção dos direitos humanos e da democracia como valores inegociáveis da sociedade brasileira”.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, comemorou a premiação nas redes sociais e disse se sentir orgulhoso.

“Hoje é o dia de sentir ainda mais orgulho de ser brasileiro. Orgulho do nosso cinema, dos nossos artistas e, principalmente, orgulho da nossa democracia. Eu e Janja estamos muito felizes assistindo a tudo ao vivo”, disse Lula, que ressaltou ainda que a premiação do filme “é o reconhecimento do trabalho de Walter Salles e toda equipe, de Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, Selton Mello, do Marcelo Rubens Paiva e família e todos os envolvidos nessa extraordinária obra que mostrou ao Brasil e ao mundo a importância da luta contra o autoritarismo. Parabéns! Viva o cinema brasileiro, viva Ainda Estou Aqui”.

O governador do Estado do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, parabenizou a equipa do filme pela vitória, reconhecendo nela uma “simbologia” representativa da “excelência do cinema nacional” e também como “um marco fundamental para a nossa cultura”. O governador aproveitou a ocasião e elogiou o “impecável trabalho de Fernanda Torres, que mostrou o seu talento excecional ao mundo”.

Castro ainda considerou a premiação como inspiração para as novas gerações fortalecerem a indústria cinematográfica brasileira e a “continuidade da produção cinematográfica brasileira, mostrando que é, sim, possível chegarmos ao lugar mais alto do pódio. O cinema é uma poderosa ferramenta de expressão cultural, e com essa vitória, o Brasil reafirma sua posição como um país rico de produção artística”. 

Fernanda Torres havia sido eleita ao Globo de Ouro pela interpretação da personagem Eunice Paiva, na categoria de Melhor Atriz em Filme de Drama, mas o Oscar de Melhor Atriz foi para Mikey Madison, por “Anora”. A atriz brasileira conquistou o Satellite Award e recebeu homenagem do Festival Internacional de Cinema de Santa Bárbara.

O filme brasileiro é ainda vencedor do Globo de Ouro de Melhor Atriz Dramática; do Prémio de Melhor Roteiro do Festival de Cinema de Veneza e foi eleito Melhor Filme Brasileiro do Festival Internacional de Cinema de São Paulo. ■

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