Claude Yersin, nasceu em 1944, tem 80 anos de idade, é natural de Lausanne, originário de Rougemont (Pays-d’Enhaut), no Cantão de Vaud, na Suíça. Médico aposentado, escolheu Portugal para viver há nove anos, em virtude do seu casamento com uma cidadã portuguesa, Helena Pereira.
Este amante da arte da pintura e recortador, reside em Monte Silva, Ermidas-Sado, na região do Alentejo. Divide o teto de casa com a família da esposa, uma família recomposta, com quatro gerações no mesmo local, no meio dos sobreiros. As suas duas filhas, fruto do primeiro casamento, vivem na Suíça.
Em solo português trabalha como artista pintor e faz recortes em papel. Afirma ter, em Portugal, a oportunidade de “desfrutar de uma melhor qualidade de vida, com menos stresse, menos obrigações, mais liberdade na gestão do tempo e das ocupações”.
Recorda que, na Suíça, não convivia com a comunidade portuguesa, mas com os amigos e amigas portugueses da esposa. Na sua opinião, os “portugueses são bem recebidos e muito apreciados na Suíça”.
Claude Yersin confessa sentir falta de algumas pessoas no seu país de origem, “mas da Suíça em si, não”, pois “estou muito ocupado com as minhas atividades artísticas, que me permitem descobrir aspetos da sociedade que antes conhecia pouco”.
“Quando retorno à Suíça, a vida parece muito mais complicada. As pessoas estão muito mais ocupadas e têm menos tempo para dedicar às relações humanas básicas. Visto de fora, os suíços parecem trabalhar mais do que em outros lugares”, frisou este artista, que refere não pensar a voltar para a Suíça, pelo menos “não para um retorno definitivo”.
“Para mim, a Suíça representa o país das minhas origens, da minha infância e da minha formação profissional. Um exemplo de convivência entre diferentes comunidades (alemã, francesa, italiana, rético-romana)”, mencionou.
Já sobre Portugal, Claude Yersin avalia não poder ter “uma imagem global, pois conheço apenas um terço Sul do país (de Lisboa ao Algarve). Em relação ao Alentejo, encontrei um país muito acolhedor, com muita sinceridade nas relações humanas, um esforço de todos para evitar confrontos e uma tendência espontânea à entreajuda”.
Claude Yersin considera as diferenças entre a vida em Portugal e na Suíça “mínimas”.
“Provavelmente, é mais fácil para um suíço se integrar na sociedade portuguesa do que o contrário”, defendeu.
Em relação ao coração de um imigrante suíço em Portugal, garante: “tenho a imensa sorte de viver ao lado da minha esposa Helena Pereira, que tem o dom de tornar a vida fácil e feliz para todos ao seu redor”.
Projetos em marcha
Referente aos seus projetos atuais, Claude Yersin quer “continuar sonhando” e atuar com “desenho, pintura, recorte em papel”, além de “talvez, tentar a poesia, misturar tudo”.
“Aproximar-me ainda mais do mundo da música, tão enriquecedor e estimulante para a criação. A curto prazo, pretendo publicar uma ilustração em recorte do “Livro das Mágoas” da poetisa Florbela Espanca. Continuar a minha colaboração com a Galeria Perve, em Alfama (Lisboa), dentro de uma reflexão artística aberta aos pequenos e grandes problemas da nossa sociedade”, afirmou, recordando a sua relação com a editora luso-brasileira “In-Finita Editorial”, com sede em Portugal.
“Conheci recentemente a In-Finita Editorial por ocasião da publicação de um livro de recortes acompanhados por poemas originais da poetisa Fátima Santos de Beja. Um projeto chamado “Catálogo Recortes de Papel – Papier Découpes – Portugal e outros lugares – Portugal et ailleurs”, com Recortes de Claude Yersin; Poemas de Fátima Santos; textos de Carlos Cabral Nunes, Claude Yersin, Eric Rochat; e produção da “In-Finita Editorial”.
Em relação ao futuro, Claude Yersin é enfático: “Dada minha idade, o futuro se limita ao futuro próximo. Desejo que a minha família portuguesa e a minha família suíça permaneçam com saúde e possam realizar pelo menos parte dos seus sonhos. Quanto ao futuro da humanidade, há pouco a esperar. Em vez de unir esforços para resolver os problemas climáticos, a humanidade continua a se destruir por questões de prestígio e dinheiro. Falta no nosso património genético os genes necessários para a sobrevivência da espécie”.
Mais informações sobre este artista suíço que decidiu viver em Portugal, atraído pelo amor, podem ser consultadas em: www.claudeyersin.wixsite.com/claudeyersin ■