Trabalhadores do MNE português no Brasil anunciam greve por salários em euros

Categoria reivindica equiparação salarial e paralisação se entenderá durante vários dias em março; em causa está o câmbio defasado, entre outros pontos

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Os dias de paralisação serão: de 03 a 06, 10 a 13, 17 a 20 e de 24 a 27 de março
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Os trabalhadores do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) de Portugal no Brasil, por meio do Sindicato dos Trabalhadores Consulares, das Missões Diplomáticas e dos Serviços Centrais do Ministério dos Negócios Estrangeiros (STCDE), anunciou uma greve com início dia 3 de março, segunda-feira, e término dia 27 de março, quinta-feira.

A categoria luta desde 2013 pelo direito ao pagamento do salário em euros. Conforme expresso, a remuneração é a “metade do que lhe é devida”. Por isso, a greve foi confirmada e será realizada em março na embaixada e nos postos consulares portugueses no Brasil nos seguintes períodos: de 03 a 06, 10 a 13, 17 a 20 e de 24 a 27.

Estes trabalhadores sentem-se discriminados por não terem os seus salários fixados em euros e, segundo o comunicado divulgado pelo STCDE, “as remunerações foram congeladas ao câmbio de 1 euro por 2,638 Reais, câmbio fictício, mas conveniente para o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) de Portugal, sendo que à data do envio do aviso prévio de greve o câmbio era de 6,0127 reais para 1 euro. Não houve reposição da tabela salarial destes trabalhadores para euros, recebendo atualmente menos de metade do que lhes é devido”.

Em dezembro de 2022, devido a uma portaria no Diário da República, o STCDE a considerou “histórica” por “corrigir uma situação que existe há mais de nove anos e que tinha conduzido a um intolerável empobrecimento destes trabalhadores”, quando atualizaram as remunerações em 48,9%.

Porém, a secretária-geral do STCDE, Rosa Teixeira, em depoimento à imprensa, declarou ter sido uma “compensação de uma depreciação monetária acumulada” e não a reposição que hoje lhes interessa, “a reposição da tabela em euros”.

Em protesto, o sindicato expressou no comunicado o sentimento dos trabalhadores ao afirmar que eles “continuam a ser marginalizados e vítimas num segundo plano, já que não podem beneficiar do mecanismo que acautela as variações cambiais, à semelhança de todos os restantes trabalhadores ao serviço do Estado, e não somente do MNE, no estrangeiro”.

O comunicado finaliza com o tempo de luta reivindicativa ao enfrentar “11 anos de promessas de resolução não cumpridas, existindo situações pessoais de grande precariedade, sendo urgente colocar um ponto final no apartheid salarial com a reposição da igualdade de tratamento”.

Preocupação entre os funcionários

Fonte ligada aos funcionários consulares no Brasil confirmou à nossa reportagem que a categoria recebeu uma comunicação do STCDE a “informar que iriam decretar a greve dos trabalhadores da Embaixada e dos Consulados de Portugal no Brasil”, nas datas indicadas, porém, não havia confirmação de que o referido aviso já teria sido enviado Governo.

“Infelizmente, a greve é uma forma de luta que há muito estava sendo pedida pelos trabalhadores. No final de 2024, o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas confirmou, na Assembleia da República, o reajuste salarial para o Brasil de 9%, e que seria pago ainda em 2024. No mesmo dia, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, também na AR, confirmou o facto diante dos deputados. Depois disso, absolutamente nada aconteceu. O descaso com os trabalhadores no Brasil é sem tamanho e sem palavras”, lamentou esta mesma fonte.

Outra fonte ligada aos funcionários consulares no Brasil que preferiu não se identificar sublinhou que “isto tudo é um absurdo”.

“Por que Portugal não resolve este problema? Não estamos pedindo aumento. Apenas queremos voltar a receber o nosso salário no mesmo câmbio que nos descontam o IRS, que é sempre ao câmbio do dia. Tudo isto demonstra a consideração que existe com os funcionários”, finalizou. ■

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1 COMENTÁRIO

  1. Os funcionários foram contratados em Euros ,mas recebendo em Reais . Mas desde 2013 o MNE fixou o salario a um câmbio fictício . Eles não querem e não podem receber Euros no Brasil. O que eles querem é receber em Reais ao cambio oficial do dia de acordo com contrato assinado.

    Desde 2013 o MNE quebrou o contrato ao fixar um câmbio fictício que nunca mais atualizou.
    Conclusão: desde 2013 os funcionários não tem aumento nenhum. Imaginem tantos anos sem reajustes. Querem receber em Reais ao cambio do dia ,pois foi assim que foram contratados.

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