CMCA reuniu em São Jorge de olhos postos em ações voltadas para os jovens açordescendentes

Dentre as decisões anunciadas, está o ingresso da Casa dos Açores do Espírito Santo, Brasil, ao grupo

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Encontro reuniu lideranças das Casas dos Açores, jovens líderes e autoridades locais
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A 26ª Assembleia Geral do Conselho Mundial das Casas dos Açores (CMCA), que decorreu no concelho de Velas, ilha de São Jorge, de 11 a 13 de outubro, sob a presidência da Casa dos Açores do Ontário, ficou marcada pelo anúncio da admissão da Casa dos Açores do Espírito Santo, no Brasil, ao grupo, em virtude do reconhecimento de que “o alargamento da Rede das Casas dos Açores valoriza e dinamiza a diáspora açoriana, tanto quanto projeta e afirma os Açores no mundo”.

Outras decisões foram anunciadas, como “pugnar pelo reforço e simplificação do apoio financeiro às Casas dos Açores, demonstrando o retorno acrescido para a Região que resulta desse investimento e acolher os desafios de renovação que os jovens líderes comunitários trouxeram a esta assembleia, com a sua participação especial no âmbito da sua visita aos Açores, sinalizando a vontade comum de ir ao encontro das novas gerações e integrá-las de pleno direito na vivência e preservação da açorianidade, onde todas as gerações têm lugar, voz e identidade”.

Este encontro contou com três sessões plenárias na sala de reuniões da Casa Museu Cunha da Silveira. No dia 12, na parte da manhã, em reunião fechada à imprensa, houve deliberações como a alteração do Regulamento do CMCA, e foram discutidos temas como o financiamento das Casas dos Açores e os desafios pelos quais passam essas mesmas entidades.

Logo a seguir ao almoço, uma segunda Sessão Plenária reuniu os presidentes das Casas dos Açores espalhadas pelo mundo e mais de uma dezena de jovens líderes comunitários indicados por essas casas, sendo que muitos desses jovens, açordescendentes e integrantes do movimento associativo açoriano nos respetivos países de acolhimento, tiveram a oportunidade de conhecer os Açores e a região pela primeira vez, quando foram discutidas formas de atrair cada vez mais jovens para garantir a continuação desse trabalho.

A terceira e última Sessão Plenária teve lugar dia 13 tendo como pano de fundo o essencial da atividade das Casas dos Açores, na presença do secretário Regional dos Assuntos Parlamentares e Comunidades e de deputados à Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, que ouviram dessas entidades os principais desafios, mas também as oportunidades existentes.

A Sessão de Encerramento aconteceu no salão nobre dos Paços do Concelho de Velas, com a presença de deputados, além de outras autoridades, como Luís Virgílio de Sousa da Silveira, autarca local, o secretário Regional dos Assuntos Parlamentares e Comunidades, Paulo Estêvão, e José Andrade, diretor Regional das Comunidades.

Nessa mesma ocasião, José Boleiro, presidente do Governo dos Açores, acompanhou o anúncio das conclusões do CMCA, viu o momento em que foram distinguidos com a Medalha de Mérito do CMCA Grinoalda Pavão, Cidália Sousa e, a título póstumo, António Tabico Sénior, sob proposta da Casa dos Açores do Ontário, “pelo seu envolvimento na comunidade açoriana de Toronto”. Este líder do governo soube ainda que o “Queijo de São Jorge” foi reconhecido como “produto açoriano de qualidade” pelo grupo. As autoridades presentes testemunharam a transmissão do exercício da presidência anual do Conselho Mundial das Casas dos Açores para a Casa dos Açores da Nova Inglaterra, que acolherá a XXVII Assembleia Geral em 2025.

“Foi imensamente importante ter a reunião com os jovens neste CMCA. Andamos há muito tempo a falar sobre as dificuldades que temos para atrair esse público e aqui foi possível ouvir os seus argumentos, o que possibilitou-nos discutir como podemos fazer para atrair a participação desse público”, frisou Suzanne Maria Cunha, presidente da Casa dos Açores do Ontário e presidente do CMCA.

Em declarações à nossa reportagem, José Andrade, diretor Regional das Comunidades, destacou a presença de 11 jovens açordescendentes e potenciais líderes comunitários de regiões como Bermudas, Winnipeg, Norte, Nova Inglaterra, Ontário, Quebeque, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Uruguai, que participaram, pela primeira vez, numa assembleia geral do CMCA, começando, assim, “a contribuir para o devido rejuvenescimento do movimento associativo”.
Este responsável explicou que o Conselho Mundial das Casas dos Açores foi criado a 13 de novembro de 1997, na ilha do Faial, sendo a “Declaração da Horta” subscrita pelas suas dez casas fundadoras: Lisboa, Rio de Janeiro, Califórnia, Quebeque, Norte, São Paulo, Toronto, Nova Inglaterra, Algarve e Coimbra.

“preservar a memória e continuar a história”

“Quanto mais crescer a rede mundial das Casas dos Açores, mais forte fica o CMCA e mais valorizados ficam os Açores. (…) Aqui, fazemos uma aposta sem precedentes na futura renovação, com o inevitável rejuvenescimento das Casas dos Açores”, confirmou Andrade, que sublinhou que a realização do CMCA Jovem “pode ser o primeiro passo na caminhada da renovação”.

José Andrade não esconde que é preciso atrair cada vez mais jovens para o seio do movimento associativo açoriano no mundo.

“Sem desvalorizar os nossos emigrantes ainda nascidos nos Açores, devemos também saber chegar aos seus filhos e aos seus netos porque as novas gerações é que asseguram o futuro das nossas comunidades. Mas só seremos capazes de atrair e envolver os mais novos se soubermos falar a sua própria linguagem. Não podemos ficar à espera que os jovens se adaptem às associações; as associações é que têm que se adaptar aos jovens, se quiserem renovar os seus dirigentes e alargar os seus associados para continuarem a existir por muitos e bons anos. O movimento associativo é uma corrida de estafetas com passagem de testemunho, que será tanto mais forte quanto maior for a sua capacidade de adaptação aos novos tempos e de captação das novas gerações. Não podemos dispensar os mais velhos, mas devemos acrescentar os mais novos. É com uns e com outros que conseguimos preservar a memória e continuar a história”, disse este diretor Regional das Comunidades.

Por sua vez, Paulo Estêvão, secretário Regional dos Assuntos Parlamentares e Comunidades, reconheceu que os açorianos emigrados ajudaram a criar uma “grande família dispersa do ponto de vista geográfico”, mantendo a sua identidade cultural.

Este responsável anunciou ainda a criação dos Jogos Comunitários, ou Jogos das Comunidades, para 2025, uma iniciativa que irá reunir a diáspora açoriana em torno do desporto, com as etapas finais a serem realizadas, possivelmente, nos Açores. Um formato que pretende criar sinergias entre as diferentes comunidades açordescendentes. Outra medida será a intensificação dos apoios às Casas dos Açores espalhadas pelo mundo, bem como a criação e a atribuição de apoio aos Órgãos da Comunicação Social da Diáspora.

“sentimento de pertença”

Durante a cerimónia de encerramento da CMCA, o presidente açoriano disse querer que o sentimento de pertença dos mais jovens, em relação à cultura açoriana, seja valorizado. Os jovens participantes no CMCA chegaram a ser recebidos por Bolieiro em audiência, com o intuito de “fortalecer os laços com as novas gerações de açordescendentes”.

Participaram no CMCA, Delfina Porto, da Casa dos Açores de Lisboa; João Leonardo Soares, do Rio de Janeiro; Michael Rocha, da Califórnia; Paula Ferreira, do Quebeque; Miguel Azevedo, do Norte de Portugal; António Arruda, de São Paulo; Suzanne Cunha, do Ontário; Francisco Viveiros, da Nova Inglaterra; José Santos, de Winnipeg; Viviane Peixoto Hunter, do Rio Grande do Sul; Alicia Quintana, do Uruguai; Lúcia Botelho, da Bermuda; Paulo Matos, do Maranhão; Carlos Madruga da Costa, da Madeira; e Nino Moreira Seródio, do Espírito Santo, mas também Francisco Coelho Gil, da recente Casa dos Açores da Região Centro, e Cláudia Ramalho, da futura Casa dos Açores da Região Sul.

O Conselho Mundial das Casas dos Açores, constituído em 1997, tem como objetivo “promover e desenvolver atividades que contribuam para a afirmação dos Açores e da sua diáspora no mundo e para o desenvolvimento de relações sociais, culturais e económicas entre o arquipélago e as regiões de implantação de cada uma das Casas dos Açores”. É composto, atualmente, pelas Casas dos Açores de Lisboa, Rio de Janeiro, Califórnia, Quebeque, Norte, São Paulo, Nova Inglaterra, Ontário, Winnipeg, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Uruguai, Bermuda, Maranhão e Madeira.

Responsáveis pelas Casas dos Açores da Região Centro, recentemente criada, e pela Casa dos Açores da Região Sul, em vias de viabilização, ambas no continente português, assistiram aos trabalhos na qualidade de observadoras. ■

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