As ilhas de São Jorge, Pico e Faial receberam, entre os dias 13 e 15 de outubro, a sétima edição do Encontro Açores-Brasil com a presença de seis das sete Casas dos Açores no maior país da América do Sul.
Os presidentes das entidades sediadas no Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Maranhão estiveram presentes para debaterem o estado atual das casas, bem como discutir soluções e oportunidades com a Direção Regional das Comunidades do Governo dos Açores, que organizou o encontro. Apenas a liderança da Casa dos Açores da Bahia esteve ausente.
O programa contou com sessões escolares sobre a presença açoriana no Brasil, no auditório da Escola Secundária da Madalena, na ilha do Pico, e no auditório da Escola Secundária da Horta, na ilha do Faial. Em ambos os eventos os alunos foram informados sobre o legado deixado pelos emigrantes açorianos que chegaram ao Brasil há mais de 400 anos.
Nestas duas oportunidades, os seis presidentes participaram também em encontros públicos, na Biblioteca Municipal da Madalena, no Pico, e na Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça, no Faial, onde foi apresentado o livro “Somos Açores”, que reúne entrevistas aos líderes associativos açorianos no Brasil.
Proximidade renovada
Nino Moreira Seródio, presidente da Casa dos Açores do Espírito Santo, referiu que este encontro “enriqueceu o trabalho das Casas no Brasil”, sobretudo pela participação junto dos jovens nas escolas. Opinião que é corroborada por Viviane Peixoto Hunter, responsável pela Casa dos Açores do Rio Grande do Sul, que acredita que “ter contacto com as escolas nos Açores foi um intercâmbio rico, uma oportunidade que permitiu mostrar a realidade dos estados brasileiros que receberam os emigrantes açorianos”.
“Muitos não têm a dimensão do legado deixado pelos emigrantes do arquipélago no Brasil”, referiu.
Por sua vez, Paulo Matos, presidente honorário da Casa dos Açores do Maranhão, defendeu que esta iniciativa “possibilitou o intercâmbio cultural e trocas entre os Açores e a sua diáspora no Brasil”, além de provocar a “possibilidade de estarmos mais vezes juntos a estreitar essas relações”.
António Arruda, diretor cultural da Casa dos Açores de São Paulo, recordou que o facto de as Casas dos Açores estarem distantes umas das outras no Brasil, em virtude do tamanho continental do país, fez também com que este encontro permitisse “uma maior interação entre esses líderes”, possibilitando “debater temas e propostas comuns”.
Já Sérgio Luiz Ferreira, presidente da Casa dos Açores de Santa Catarina, destacou a “nova dimensão” dada ao encontro com as explicações levadas às escolas açorianas, mostrando que “os Açores estão vivos além das fronteiras do arquipélago”.
Por fim, Leonardo Soares, presidente da Casa dos Açores do Rio de Janeiro, a primeira casa açoriana a surgir no Brasil, tendo como um dos fundadores Vitorino Nemésio, avaliou positivamente o encontro.
“Foi ótimo termos a possibilidade de trocar experiências, chegar às escolas e falar sobre a emigração açoriana para o Rio de Janeiro”, disse Leonardo.
“emigração caracterizou a vida dos açorianos”
Paulo Estêvão, secretário Regional dos Assuntos Parlamentares e Comunidades, que acompanhou parte do encontro, recordou que “a emigração caracterizou a vida dos açorianos”, razão pela qual esta iniciativa foi “importante e permitiu mostrar o legado cultural que o nosso povo deixou no Brasil”.
Por fim, José Andrade, diretor Regional das Comunidades, frisou que os encontros servem também para “reconhecer e valorizar a especial relação histórica entre os Açores e o Brasil”.
“Não nos podemos esquecer de que o Brasil foi o primeiro grande destino da emigração açoriana. E que, hoje, o Brasil compõe a maior comunidade imigrada nos Açores. Fomos para o Brasil há 400 anos”, finalizou José Andrade.
Recorde-se que o primeiro Encontro Açores-Brasil teve lugar em outubro de 2021, na cidade de Ponta Delgada, na ilha da São Miguel, e as cinco edições seguintes realizaram-se em Angra do Heroísmo (março de 2022), no Rio de Janeiro (julho de 2022), em Florianópolis (dezembro de 2023), em Ponta Delgada (maio de 2024) e no Rio de Janeiro (setembro de 2024), associadas à realização de outros eventos.
Segundo fontes, “com a realização desses encontros, o Governo dos Açores visa reforçar e valorizar os laços sociais, culturais e económicos entre a Região Autónoma e as comunidades açordescendentes no Brasil”. ■