Brasil: vereadora portuguesa candidata a vice-prefeita no Rio de Janeiro

Vida parlamentar de Teresa Bergher foi marcada pela defesa dos judeus e pela fiscalização do uso do dinheiro público; conta com 20 anos de vida política como vereadora, legado deixado pelo marido, Gérson Bergher; Candidata realiza anualmente a festa de 10 de junho na Câmara Municipal da cidade maravilhosa

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Bergher é viseense, nascida em 1948
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A vereadora portuguesa Teresa Bergher, em atuação na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, anunciou que será candidata nas próximas eleições municipais brasileiras, não como vereadora, cargo exercido por 20 anos em variados partidos, mas sim como vice do candidato a prefeito Marcelo Queiroz (PP). Crítica do atual prefeito Eduardo Paes, Bergher é viseense, nascida em 1948. Carioca por escolha, esta professora não esqueceu as suas raízes lusitanas, ainda marcantes na sua vida como vereadora por cinco mandatos. Por sua iniciativa, no Palácio Pedro Ernesto, sede da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, foi criada “a festa do dia 10 de junho” para celebrar o “Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas”, visando uma conexão maior entre Portugal e Brasil.

Dentre os seus feitos políticos, Teresa Bergher possibilitou a criação do “Memorial às Vítimas do Holocausto”, localizado no Morro do Pasmado, em Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro. Define-se como “uma permanente fiscalizadora do orçamento” e do “poder executivo” e congratula-se por ter sido “a primeira vereadora a apresentar um projeto que criou o Conselho de Ética da Câmara”. Foi também secretária municipal de Assistência Social e Direitos Humanos no governo de Marcelo Crivella (Republicanos), de 2017 a 2020.

Com a aproximação das eleições a serem realizadas no próximo dia 6 de outubro para vereadores e prefeitos de todo o país, Teresa Bergher conversou connosco sobre mais um ciclo concluído na sua vida e o privilégio de ter lutado por inúmeras causas, além de defender a importância de seguir por esta nova oportunidade na política na cidade maravilhosa.

Como surgiu a oportunidade para ser candidata ao cargo de vice-prefeita de Marcelo Queiroz?

Foi quando decidi não mais me candidatar a vereadora! Logo depois fui procurada pelo querido amigo e deputado Federal Marcelo Queiroz, que me convidou a ir a Brasília, onde me encontrei com alguns presidentes e líderes partidários, entre eles o presidente do Congresso, Arthur Lira, o presidente do PP, Ciro Nogueira, o presidente do PSDB, Marconi Perillo, e o deputado Aécio Neves que havia me convidado a voltar para o PSDB, partido pelo qual me elegi algumas vezes vereadora. Em Brasília fui então convidada por essas lideranças, mas especialmente pelo excecional deputado Marcelo Queiroz, a quem já admirava, por sua trajetória de vida e também posicionamento político. Um jovem de apenas 39 anos, preparado, sério e com uma grande bagagem de gestão. Vínhamos conversando há algum tempo e logo surgiu uma empatia e afinidade de ideias imensa. Por isso, aceitei ser candidata a sua vice-prefeita. Finalizando, sou candidata pela federação PSDB – Cidadania e pelo Progressista.

Por que mantém confiança no trabalho de Marcelo Queiroz?

O Marcelo tem uma formação académica brilhante. Vem do movimento estudantil na PUC, onde presidiu o seu diretório. É advogado, mestre em economia e também profundo conhecedor do meio ambiente, além de ser um grande defensor da causa animal. No entanto, o que mais me encanta no Marcelo é a sua primorosa educação, ética, compromisso com valores, identificados com os meus.

Que propostas ganham maior destaque na sua campanha?

O Rio vive em estado de abandono! Sujo, população em situação de rua abandonada à própria sorte e pouco ou nada se tem feito por esses vulneráveis. A desordem urbana é vergonhosa! São mesas e cadeiras tomando conta das calçadas, levando o caos e impedindo a circulação de cadeirantes, carrinhos de bebés, que acabam tendo de circular no meio da rua. Barulho insuportável para o morador, trabalhador, que precisa dormir. O Rio de Janeiro está precisando de ordenamento, que, na minha avaliação, leva ao crescimento da violência.

Como a comunidade portuguesa radicada no Rio de Janeiro deve enxergar a sua candidatura?

Como a candidatura de uma mulher forte, característica da mulher portuguesa, identificada com as suas raízes e origem, que não se acomoda, vai à luta na busca de soluções para a cidade e também como forma de protesto à polarização, que provoca desavenças até na família! Não quero o PT de Lula representado por Eduardo Paes, que acabou com a cidade, e nem o PL de Bolsonaro. Somos Centro, e Marcelo Queiroz está preparado para dar solução, ou, no mínimo, melhorar a vida do cidadão que vive no Rio de Janeiro.

Que avaliação faz dos mais de 20 anos em que atuou como vereadora? Que ações marcam a sua jornada na Câmara dos Vereadores?

São quase 20 anos na Câmara Municipal, onde me elegi por cinco mandatos sucessivos, sempre com votação expressiva, chegando a ter mais de 30 mil votos. A minha avaliação é do dever cumprido. Tenho centenas de Leis aprovadas, e outras tantas centenas de Projetos apresentados. Fui autora da criação do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, que já tirou o mandato e puniu alguns vereadores. Criei o Portal da Transparência na Prefeitura, a Lei de acessibilidade nas escolas, fui a maior fiscalizadora do Orçamento e das Contas públicas do Município, denunciei os maus tratos praticados contra os animais no antigo Jardim Zoológico, e hoje, graças à minha cobrança e denúncia, os animais têm conforto e dignidade.

Por conhecer bem o Rio de Janeiro, quais são os maiores desafios que terão de ser enfrentados pelo novo prefeito carioca?

Sem a menor sombra de dúvida, a violência que tomou conta da cidade, e que o atual prefeito nada fez para diminuir. Achou mais cómodo transferir para o governo estadual. Quando ele tem uma grande parcela de responsabilidade, e poderia reduzir significativamente.

Como vê hoje a política no Rio de Janeiro?

Com muita tristeza! Por isso, saio da Câmara porque não consigo conviver com o jogo de interesses pessoais e assistir à maioria de parlamentares comprometidos com o executivo e que votam apenas o que é de interesse do governo, esquecendo o interesse da cidade. Sempre fui uma vereadora independente, sem cargos no executivo, e, por isso, sempre agi com total liberdade de posicionamento. Talvez por isso, seja tão respeitada e considerada a melhor vereadora do Rio.

Temas como segurança pública, acessibilidade, empregos, investimentos e educação são alguns dos que mais preocupam os cariocas. Que ações devem ser tomadas de imediato, na sua opinião?

Na questão da segurança, o novo prefeito precisará arrumar a casa, colocar ordem na cidade. Temos nas ruas mais de dez mil moradores em situação de rua, e, no mínimo, 70% são dependentes químicos ou possuem distúrbios mentais. Uma questão de saúde pública! Não tem abrigos suficientes, tão pouco que dêem dignidade ao abrigado, por isso, preferem as ruas. Acessibilidade muito precária, apesar da existência de leis, mas que não são cumpridas pelo prefeito. Em relação à educação, necessidade urgente da valorização dos professores, com salários dignos, climatização das escolas, e melhores condições de infraestrutura, colocar em prática a Lei de acessibilidade de minha autoria! Urgente colocar em prática o turno integral, que Eduardo Paes prometeu concluir até 2020 e, até o presente, pouco evoluiu, quando sabemos que milhares de crianças frequentam as escolas para se alimentar, porque em casa não tem o que comer.

Que experiências como vereadora serão utilizadas por você caso seja eleita para a prefeitura do Rio de Janeiro?

Mesmo já tendo ocupado o cargo de Secretária de Assistência Social e Direitos Humanos, a minha vivência como vereadora me trouxe uma experiência enorme, nunca fui uma parlamentar apenas de gabinete, mas aquela que anda pela cidade, da classe A às favelas onde sou muito querida por seus moradores. Posso dizer que conheço com profundidade o meu querido e abandonado Rio de Janeiro. As carências são muitas, mas as prioridades deixam a desejar! Triste assistir a uma significativa parcela da sociedade que sequer tem acesso a saneamento básico.

Por que decidiu concorrer como vice-prefeita?

Por amor à cidade! Quero o meu Rio de volta!  Mas também porque desejo que tenhamos um segundo turno e possamos discutir melhor os problemas e o caos em que se encontra a cidade.

Caso seja eleita, qual é o papel da vice-prefeita?

Com Marcelo Queiroz Prefeito, tenho certeza que a minha atuação vai ser grande, ele me dará espaço! Como fez com a elaboração do Plano de Governo, do qual me deu a honra de participar, e até mesmo com a minha permanente participação nos programas do horário eleitoral. Marcelo é o candidato mais preparado, educado, correto, digno, e o maior protetor da causa animal. Quem ama os animais tem bons sentimentos, ama as pessoas. Por tudo que Marcelo Queiroz representa, com muita alegria, aceitei ser sua vice-prefeita.

Quem é Teresa Bergher?

Teresa Bergher nasceu no Conselho de Penalva do Castelo, Portugal, e tem muito orgulho de ser visiense. Formada em letras, literatura e filosofia, chegou ao Rio de Janeiro com dez anos de idade. Viúva, de um homem maravilhoso, com quem foi casada por 35 anos, o excecional médico psiquiatra Gerson Bergher, que depois foi vereador e deputado, por sete mandatos e a introduziu na política. Corajosa e determinada, foi à luta desde cedo, e pelas experiências vividas, seriedade, dignidade e trabalho prestado à cidade é vista como referência na política do Rio de Janeiro.  Foi Secretária de Assistência Social e Direitos Humanos, presidente das Comissões de Justiça e Redação, há 15 anos presidente da Comissão de Defesa de Direitos Humanos e Vice-Presidente da Comissão de Assuntos Urbanos. Atualmente, é também presidente de Honra do Memorial às Vítimas do Holocausto. Teresa Bergher já foi agraciada com dezenas de comendas, figurando entre elas as mais importantes do Estado do Rio de Janeiro: Título de Cidadã Honorária do Rio de Janeiro, Cidadã Fluminense, Medalha Tiradentes e títulos conferidos pela Câmara Estadual. ■

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