Rio de Janeiro: Primeira Dama da Casa da Vila da Feira e Terras de Santa Maria integra lista de detentores do Diploma de Mérito Municipal feirense

Roselene de Boaventura é a primeira mulher na história da Casa da Vila da Feira e Terras de Santa Maria a receber a homenagem; Título, que será entregue em janeiro de 2025 em Portugal, surge em virtude da sua “dedicação incondicional e de longa data” à entidade luso-brasileira

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Roselene Silva Pires de Boaventura, vice-presidente de Atividades Artísticas e Primeira Dama da Casa da Vila da Feira e Terras de Santa Maria, no Rio de Janeiro
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“Recebo esta homenagem com muita alegria e muita honra. O meu sentimento é de total gratidão. Gratidão por terem reconhecido o trabalho que fazemos aqui na nossa Casa da Vila da Feira e Terras de Santa Maria”. É desta forma que Roselene Silva Pires de Boaventura, de 49 anos, vice-presidente de Atividades Artísticas e Primeira Dama da Casa da Vila da Feira e Terras de Santa Maria, no Rio de Janeiro, Brasil, reage ao diploma que lhe foi atribuído pelo Executivo da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, em Portugal.

Em declarações à nossa reportagem, o presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, Amadeu Albergaria, revelou que a homenagem é fruto do seu “inestimável contributo para a promoção e perpetuação da história e da cultura das Terras de Santa Maria no Rio de Janeiro e no Brasil”.

“É um reconhecimento justo e merecido, considerando a sua dedicação incondicional e de longa data à Casa da Vila da Feira e Terras de Santa Maria, prestigiada instituição sediada no bairro da Tijuca, fundada a 12 de julho de 1953 com o propósito de perpetuar a memória, as tradições e a cultura de Santa Maria da Feira. Tenho afirmado várias vezes, e reitero, que a Rose Boaventura é uma força da natureza, uma líder nata, persistente e incansável, de uma simplicidade e generosidade raras, com um papel determinante na sustentabilidade, afirmação e prestígio da Casa da Vila da Feira e Terras de Santa Maria, uma instituição muito especial para nós, que preserva as raízes lusas e feirenses através da cultura e das tradições, em particular com a recriação da Festa das Fogaceiras, a mais emblemática festividade religiosa de Santa Maria da Feira, que completa 520 anos de história em janeiro de 2025 e que é recriada no Brasil há quase 70 anos!”, enalteceu este autarca, que sublinhou que, “dos vários projetos culturais que a Rose Boaventura lidera na Casa da Vila da Feira, toca-nos de forma particular o grupo infantil de folclore que, como a própria afirma, “semeia no coração das crianças o amor à cultura portuguesa e feirense”, até porque uma parte significativa dos elementos deste coletivo etnográfico não tem ligação a Portugal, mas cultiva a admiração e o interesse pela cultura e pelas tradições feirenses e lusas, o que notável”.

A homenagem foi decidida em sessão camarária de 1 de julho deste ano, quando o município de Santa Maria da Feira aprovou, por unanimidade, a atribuição do Diploma de Mérito Municipal à Rose Boaventura. Para Amadeu Albergaria, “para além de ser uma reconhecida embaixadora da cultura e das tradições feirenses, Rose Boaventura é também uma defensora dos direitos dos emigrantes portugueses que há várias décadas escolheram o Brasil como pátria”. No dia 12 de julho, este governante participou na cerimónia comemorativa dos 71 anos da Casa da Vila da Feira e Terras de Santa Maria, no Rio de Janeiro, onde anunciou publicamente, perante o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, e a Cônsul-Geral de Portugal no Rio de Janeiro, Gabriela Soares de Albergaria, a atribuição do Diploma de Mérito Municipal à Rose Boaventura pelo Município de Santa Maria da Feira.

Primeira mulher homenageada

Momento do anúncio público da atribuição do diploma durante evento no Rio de Janeiro

“Há várias décadas que o Município de Santa Maria da Feira atribui distinções honoríficas a personalidades de diferentes domínios e áreas de atuação, que contribuam de forma determinante para o desenvolvimento e afirmação do nosso território, mas também para a preservação e elevação da identidade feirense em Portugal e no mundo. É uma forma de reconhecermos, fortalecermos e perpetuarmos a nossa ligação aos feirenses e amigos de Santa Maria da Feira que nos ajudaram e ajudam a construir o território que hoje somos, bem como a perpetuar as nossas raízes e a nossa identidade, que nos distinguem enquanto povo. Os nossos homenageados serão sempre nossos embaixadores, dentro e fora do nosso país”, destacou Amadeu Albergaria.

Segundo apurámos, no caso particular da Casa da Vila da Feira e Terras de Santa Maria, a autarquia de Santa Maria da Feira já homenageou “beneméritos portugueses, luso-brasileiros e brasileiros”, todos do sexo masculino. Hoje, Roselene Boaventura tornou-se na primeira mulher desta instituição luso-brasileira a ser agraciada pelo município feirense com uma distinção honorífica.

Em 71 anos de história dessa Casa, somente presidentes e ex-presidentes, como Ernesto Pires de Boaventura, António Simões da Conceição, Hermenegildo dos Santos e Adão Ribeiro dos Santos, além de diretores que são Feirenses de nascimento, tais como Fernando de Sá Alves e Joaquim da Silva Almeida e Souza, e Sérgio Viana da Silva, diretor da Casa e que escreveu dois livros que contam a história da entidade, receberam o mesmo diploma municipal.

De acordo com o instituído pela Câmara Municipal em 2015, todas as distinções honoríficas atribuídas pelo município feirense são entregues numa cerimónia anual, realizada a 20 de janeiro, feriado municipal em Santa Maria da Feira, dia de celebração da secular Festa das Fogaceiras. Desta forma, o Diploma de Mérito Municipal atribuído a Rose Boaventura ser-lhe-á entregue em mãos no final da tarde do dia 20 de janeiro de 2025, em Santa Maria da Feira, numa sessão solene que terá lugar no Salão Nobre dos Paços do Concelho, após a realização do programa cívico e religioso da Festa das Fogaceiras, no qual também vai participar.

“Então, em 20 de janeiro de 2025, lá estarei para receber o diploma”, confirmou Roselene Boaventura, ou simplesmente Rose, como é conhecida no seio da comunidade portuguesa carioca.

“A imigração praticamente acabou”

Nome conhecido junto da comunidade portuguesa no Rio de Janeiro pelo seu comprometimento desde jovem no folclore e no dia a dia da Casa da Vila da Feira e Terras de Santa Maria, Roselene cita que o maior desafio para a manutenção da cultura e tradições portuguesas na cidade maravilhosa “é trazer e manter os jovens, luso-brasileiros ou não, dentro da nossa comunidade”.

“No meu ponto de vista, o folclore e o esporte são as portas de entrada para isso. A imigração praticamente acabou. Então temos de buscar os filhos e netos da última leva de imigrantes para cativar esse sentimento de amor à Portugal”, disse esta responsável, que acredita que “o movimento associativo português no Brasil foi de suma importância para a preservação da presença portuguesa em terras brasileiras”.

“Nas principais cidades do país, para onde quer que se olhe, se enxerga o legado português deixado em terras de Vera Cruz. Nos prédios históricos, nas praças, nas igrejas, nos hospitais, etc. E, de modo ainda mais especial, nas casas regionais e em outras instituições de origem portuguesa”, exemplificou.

Roselene Boaventura participa no folclore português no Rio de Janeiro desde muito jovem

Atualmente, Roselene tem mantido interação com o Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) e considera que a sua experiência no campo do associativismo poderá auxiliar nos trabalhos junto deste conselho, que se destaca por ser um órgão consultivo do governo português para a área da emigração.

“A eleição do Conselho das Comunidades Portuguesas aconteceu em novembro de 2023. Mas a posse oficial e o início dos trabalhos ainda não se iniciaram. Por conta das eleições legislativas de março de 2024 e os prazos legais para as convocações da Plenária, a mesma só acontecerá em outubro de 2024, quando os eleitos em novembro passado tomarão posse e iniciarão os trabalhos. Mas a minha experiência no associativismo, no folclore e dentro do meu trabalho no Real Gabinete Português de Leitura, onde estou há 26 anos, com certeza me auxiliarão junto ao CCP”, defendeu Roselene Boaventura.

“cantinho de Santa Maria da Feira no Brasil”

Sobre as relações existentes entre Santa Maria da Feira e o Rio de Janeiro, Roselene conta que, “desde julho de 1991, quando se comemora o aniversário da Casa, recebemos uma personalidade das Terras da Feira para representar a Câmara Municipal de Santa Maria da Feira e ser o Orador Oficial da solenidade em comemoração à efeméride. Em algumas oportunidades, também recebemos a representação do Município da Festa das Fogaceiras. A Câmara Municipal também apoiou as quatro digressões do Grupo Folclórico Almeida Garrett à Portugal nos anos de 1981, 1988, 1994 e 2012”.

“Sempre que vou à Portugal, passo pela Feira para encontrar os amigos que fizemos ao longo dos anos e participamos nos eventos lá realizados. Por exemplo, em 2005, quando se comemorou os 500 anos da Festa das Fogaceiras, eu estava de férias em Portugal e fui convidada a participar e lá estive. Ano que vem, quando se comemoram os 520 anos, lá estarei novamente”, frisou Roselene, que é ainda ensaiadora do Rancho Folclórico Infanto-Juvenil Danças e Cantares das Terras da Feira, administradora de empresas, formada em Administração de empresas e MBA executivo em gestão de negócios.

“A Casa da Vila da Feira é um cantinho de Santa Maria da Feira no Brasil, que teve o mérito de unir dirigentes, sócios e amigos, reforçando o prestígio da instituição e inspirando associações similares noutros países, como é o caso da Venezuela e África do Sul, que também passaram a recriar a Festa das Fogaceiras nas comunidades santamarianas de Caracas e Pretória, respetivamente. Para além da atribuirmos de uma verba anual à Casa da Vila da Feira, destinada à realização da Festa das Fogaceiras, há várias décadas que cultivamos uma relação amizade e cooperação em diferentes domínios, nomeadamente cultural, social e económico, com a realização de intercâmbios, missões empresariais, aconselhamento e orientação permanente em projetos colaborativos, representação institucional e acolhimento no nosso território”, finalizou Amadeu Albergaria. ■

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