“É essencial manter vivas as tradições e a identidade lusófona, transmitindo-as às gerações mais jovens”, defende Rita dos Santos, conselheira do CCP em Macau

Registos consulares portugueses mostram que em Macau existem 224.579 nacionais, sendo que residentes com nacionalidade portuguesa exclusiva são apenas 8.991

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Rita Botelho dos Santos, presidente do Conselho Regional da Ásia e Oceânia (CRAO) do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) e da Assembleia-Geral da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM)
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“A comunidade portuguesa em Macau é ainda significativa, embora tenha vindo a diminuir ao longo dos anos”. É com esta afirmação que Rita Botelho dos Santos, de 63 anos, presidente do Conselho Regional da Ásia e Oceânia (CRAO) do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), avalia a comunidade lusa e os seus desafios atuais em Macau.

“O número de portugueses emigrados em Macau totalizou 2.213 em 2021. Este grupo enfrenta alguns desafios, nomeadamente a integração dos mais jovens, nascidos em Macau, que por vezes se sentem divididos entre a cultura portuguesa e a cultura local chinesa; a preservação da Língua e tradições portuguesas face à crescente influência da China continental; e a adaptação às rápidas transformações económicas e sociais que Macau tem vivido a sofrer nas últimas décadas”.

Registos consulares portugueses mostram que em Macau existem 224.579 nacionais, sendo que residentes com nacionalidade portuguesa exclusiva são apenas 8.991.

Esta responsável, que também preside à Assembleia-Geral da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), sublinha que “o movimento associativo português desempenha um papel fundamental na manutenção dos laços com a cultura lusófona”.

“Existem diversas “Associações de Matriz Portuguesa” e outras entidades espalhadas por Macau que promovem eventos culturais, cursos de português, atividades recreativas e assistência à comunidade. Estas incluem a Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM), A Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), o Conselho das Comunidades Portuguesas do Círculo da China (CCP-CC), a Associação dos Macaenses (ADM), a Casa de Portugal em Macau (CPM), a Escola Portuguesa de Macau (EPM), a Associação dos Jovens Macaenses (AJM), O Instituto Internacional de Macau (IIM), de entre outras”, elucidou esta conselheira, que confirmou que “alguns líderes de raiz portuguesa ainda estão ativos em Macau, como empresários, professores e membros destacados da sociedade civil”, porém, “a sua influência, no entanto, tem vindo a diminuir com o passar do tempo”.

Rita Botelho dos Santos e José Cesário, Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas

Rita, que nasceu em Macau, revela que “o ensino da Língua Portuguesa na região é feito essencialmente nas escolas de matriz Portuguesa e em algumas escolas locais, sendo uma das Línguas oficiais da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), juntamente com a Língua Chinesa”.

“A Língua Portuguesa ainda é bastante audível nas ruas e instituições, embora cada vez menos predominante face ao mandarim e ao inglês. (…) O domínio do português tem vindo a diminuir gradualmente”, frisou Rita, que considera que “Macau mantém fortes tradições e aspetos culturais portugueses, visíveis na arquitetura, gastronomia, festividades religiosas e manifestações populares”.

“Os portugueses e lusodescendentes procuram preservar este legado, passando-o às novas gerações”, garantiu.

Quando o assunto são as interações comerciais entre Portugal e a China, tendo Macau como plataforma, Rita comenta que “são bastante intensas, nomeadamente nos setores dos serviços financeiros, turismo, construção e indústria”.

O trabalho do CCP em Macau é também motivo de avaliação positiva por parte de Rita dos Santos.

“O Conselho das Comunidades Portuguesas desempenha um papel relevante na promoção destes laços culturais, empresariais e económicos. Como conselheira do CCP, tenho procurado defender os interesses da comunidade portuguesa em Macau, promovendo iniciativas que reforcem os vínculos culturais e económicos com Portugal. Espero que o novo conselho eleito continue este trabalho de forma ainda mais ativa e eficaz”, adiantou.

“A imagem de Portugal em Macau continua a ser muito positiva, fruto do legado histórico e da presença cultural portuguesa. (…) Para a comunidade portuguesa residente em Macau deixo a mensagem de que é essencial manter vivas as tradições e a identidade lusófona, transmitindo-as às gerações mais jovens. Só assim poderemos assegurar a continuidade deste importante elo entre Portugal e a China”, finalizou Rita dos Santos. ■

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