Manuel Frederico Tojal de Valsassina Heitor, professor universitário e político português, que foi ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do XXI e XXII Governos Constitucionais de Portugal, visitou a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, Brasil, no último dia 7 de junho. Este professor catedrático do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa esteve na cidade maravilhosa com os objetivos de “aprofundar o programa de um laboratório colaborativo que instituições portuguesas têm com a Fundação brasileira e ampliar áreas de colaboração”. No final da sua viagem a este país da Amércia do Sul, “novas sugestões de colaboração surgiram”.
Segundo apurámos, Manuel Heitor foi o responsável pelo convite feito a Fiocruz, por via o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), para integrar o 4LifeLAB – um laboratório colaborativo em conhecimento e novas tecnologias para a saúde. Após uma visita à Unidade de Apoio ao Diagnóstico da Covid-19 (Unadig), o ex-ministro português reuniu-se com Nísia Trindade Lima, presidente da Fiocruz, e outros integrantes dessa entidade na Residência Oficial.
“Foi importante a viagem a Portugal para vermos como o país está organizando esse processo de pensar a recuperação e a resiliência, com forte foco na ciência, tecnologia e inovação”, disse Nísia, que acrescentou que “o trabalho dos laboratórios colaborativos é inspirador”.
A presidente da Fiocruz destacou que a pandemia de Covid-19 acabou por levar a uma aproximação maior com instituições portuguesas, como o Centro de Engenharia e Desenvolvimento (CEiiA), um dos parceiros no 4LifeLAB, e que ela visitou em Matosinhos, em maio do ano passado.
Trabalho integrado
Em solo brasileiro, o antigo ministro português contou que, quando estava no governo de Portugal e lançou a ideia dos laboratórios colaborativos, que buscam o desenvolvimento tecnológico em vários campos, “o intuito era justamente perceber as necessidades das comunidades, unir parceiros públicos e privados e oferecer respostas concretas. No caso, uma das necessidades eram capacetes para proteger médicos e técnicos da Covid-19, assim como ventiladores pulmonares para pacientes, ambos desenvolvidos pelo CEiiA”.
Segundo fontes que acompanharam a visita, Manuel Heitor ficou “impressionado com a visita feita à comunidade da Maré” e sugeriu a criação de um novo centro colaborativo que trate da questão de segurança dos moradores: “não apenas a pública, mas, também, alimentar, ambiental, da saúde e mesmo de empregos”.
Na reunião na Fiocruz, este docente lusitano pode conhecer mais sobre o projeto desenvolvido pela Fundação na Maré, “um trabalho que aliou a pesquisa com a vacina contra a Covid-19, telemedicina e ações de assistência, trabalhando com organizações locais”.
“Costumo dizer que trabalhamos com as comunidades e não para as comunidades”, observou Nísia, que mencionou ainda que a Fiocruz desenvolve também projetos com comunidades indígenas, quilombolas e outras em situação vulnerável.
“Temos total interesse em trabalhar em projetos com uma visão integrada”, afirmou a presidente da Fiocruz, que destacou o interesse da entidade que lidera nas áreas da educação e da formação de quadros.
Outra sugestão do ex-ministro de Portugal foi a colaboração na questão ambiental por meio do Centro Internacional de Investigação do Atlântico (Air Centre), que propõe uma abordagem integrada de espaço, clima, oceano e energia. E ele conheceu iniciativas da Fundação no campo ambiental.
Pedro Barbosa, diretor do IBMP, contou que um dos projetos em desenvolvimento, no âmbito do 4LifeLAB, é uma pulseira de monitorização de pacientes com o protocolo de Manchester.
Por sua vez, Mário Moreira, vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional, mostrou interesse em saber mais sobre outros laboratórios colaborativos que existem em Portugal e que trabalham com áreas como a investigação de doenças crónicas, “o que pode abrir caminho para novas parcerias”.
“A Fiocruz é uma referência mundial e foi particularmente importante a visita da presidente Nísia a Portugal. Aprofundamos aqui a discussão sobre um laboratório colaborativo que já existe, mas também surgiram ideias novas. Acredito que teremos muito trabalho no futuro”, disse Manuel Heitor.
“Os laboratórios colaborativos foram desenvolvidos num contexto europeu, em Portugal, mas acredito que podem ser muito interessantes para o Brasil, no contexto do Rio de Janeiro em particular”, finalizou este responsável português, que ofereceu à Nísia um livro de poemas sobre a fadista Amália Rodrigues. Em contrapartida, este professor foi presenteado com uma publicação sobre o acervo das viagens científicas de Oswaldo Cruz no início do século XX.
A reunião na Residência Oficial contou ainda com as presenças de Paulo Gadelha, coordenador da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030; Valcler Rangel, coordenador de Relações Institucionais; Carlos Gadelha, coordenador do Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz (CEE); Valber Frutuoso, assessor de Gabinete da Presidência; Cristina Guilam, pró-reitora de Educação da VPEIC; Pedro Burger, vice-coordenador do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris); e Ilka Vilardo, assessora do Centro de Relações Internacionais em Saúde.
A passagem de Manuel Heitor pela Fiocruz ocorreu um mês após a presidente da entidade brasileira, Nísia Lima, visitar Portugal. ■