Empreendedor brasileiro traz para Portugal empresa na área das placas eletrónicas

A Standard Europe se prepara para repetir, na Europa, o sucesso que está fazendo no Brasil

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Hidalgo Dal Colleto é apaixonado por trabalho e por novos desafios
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O Grupo Standard revelou que Soure vai receber as suas novas instalações. Para tratar deste processo, está em Portugal, até 25 de setembro, o empresário brasileiro Hidalgo Dal Colletto, CEO do Grupo Standard, que congrega a STD Europe – indústria de placas eletrónicas – e a Standard America – indústria de placas eletrónicas com sede em Campinas, São Paulo, no Brasil.

Segundo apurámos, Dal Colletto está a visita Portugal para “tratar de negócios com empresas interessadas em contratar previamente os serviços da STD Europe, que tem previsão de iniciar suas operações no primeiro semestre de 2022”.

“Já estamos em contato com muitas empresas, que têm a intenção de produzir placas eletrónicas na nossa indústria em Soure”, comentou este empresário.

A STD Europe será construída a partir do financiamento captado do projeto Portugal 2020, no valor de 1,7 milhão de euros, e empregará, no primeiro ano, pelo menos 50 trabalhadores. O objetivo de Dal Colletto é repetir na STD Europe “o sucesso da matriz brasileira, que se valorizou 40 vezes em apenas um ano”.

A startup de placas eletrónicas Standard America acaba de passar por um processo de “valuation”, que lhe atribuiu valor de mais de R$ 41 milhões (cerca de seis milhões de euros) – já descontadas as suas dívidas, da ordem de R$ 5 milhões (pouco mais de 700 mil euros).

“Há pouco mais de um ano, essa pequena indústria, que estava encerrando as suas atividades e já havia colocado todos os colaboradores em aviso-prévio – 90% deles, mulheres na faixa etária média de 45 anos – foi apelidada pelo seu CEO, o empresário Hidalgo Dal Colletto, de ‘galinha morta’”, informaram fontes.

Em abril de 2020, no início da pandemia, Dal Colletto procurou um amigo, Ricardo Helmlinger, em busca de investir num novo negócio. O amigo apresentou-lhe a Stolden, que viria a se tornar Standard America e foi adquirida pela dupla por R$ 1 milhão (cerca de 140 mil euros), aproximadamente.

“A empresa não tinha dívidas, mas também não performava”, revelou este empresário.

Com perfil comercial, “considerado pelo mercado agressivo, porque contempla prazos de entrega que ninguém se atreve a oferecer e serviços, projetos e segurança” – envolvendo confidencialidade, por exemplo – que os clientes não estão muito acostumados, Dal Colletto foi ganhando mercado e, no começo de setembro de 2021, apontava 422 clientes – contra os seis herdados da Stolden.

“O caminho que me trouxe até aqui foi intenso. Foram noites viradas na estrada, viagens a Portugal – inclusive algumas rejeitadas, por aeroportos fechados devido à pandemia –, centenas de novos contatos com clientes e fornecedores, inclusão e exclusão de profissionais e prestadores de serviços nas equipas, erros e acertos. Agora, a rota está traçada e começamos a entrar em velocidade de cruzeiro”, mencionou este CEO.

Fontes consultadas garantem que “investir na montagem de placas eletrónicas no Brasil pode ser muito vantajoso para empresas que precisam desse tipo de material e foi isso que Dal Colletto e a sua equipa mostraram no último ano, a mais de mil empresas – sendo que 422 já compraram esta ideia”.

Para alcançar os seus objetivos, “a Standard America mostrou ao mercado que a indústria brasileira tem uma seriedade ímpar, sendo capaz de oferecer ao cliente a confidencialidade de projetos que dificilmente ele encontrará montando as suas placas na Ásia, por exemplo”.

“Aqui, não replicamos projetos aleatoriamente. Os nossos clientes têm a certeza de que não serão meramente copiados”, garantiu o CEO da STD America.

“O Brasil tem tecnologia de ponta e profissionais capacitados para desenvolver projetos, caso o cliente precise deles. Não somos apenas uma indústria operacional, mas contamos com uma equipa capaz de entender a necessidade do cliente e criar projetos do zero. Esse diferencial nos aproximou de muitas empresas, que precisavam de suporte de ponta a ponta”, defendeu um especialista.

“Em terceiro lugar, surgiu a assistência técnica. Muitas indústrias estavam cansadas de não poderem contar com reparos e suporte, quando necessários. Criamos um departamento especializado, que atende o cliente não apenas nas placas que produzimos, mas com outras placas também, desde que ele tenha ao menos uma placa nossa instalada”, informou o CEO.

Outra vantagem apontada por especialistas “foi a trazida pela própria situação económica brasileira. Com a alta do dólar, ficou mais vantajoso produzir no Brasil, já que as importações ficaram mais custosas”.

“Ainda que os componentes e os semicondutores sejam todos importados, é mais acessível importar insumos do que o produto manufaturado. Os nossos clientes fizeram as contas e viram a vantagem de produzir internamente. Além disso, os benefícios fiscais são infinitamente menores. Por fim, a STD America criou uma plataforma de financiamento da cadeia de suprimentos (Supply Chain Finance) especializada no financiamento industrial. Ela oferece um marketplace de crédito que conecta recebíveis qualificados de fornecedores com sponsors e financiadores, com objetivo de fazer todos os membros da cadeia terem oportunidades de crescimento. Uma vez certificado pela STD America, o solicitante do crédito escolhe a melhor opção de financiamento, conforme taxas, prazos e condições. A plataforma funciona com multifinanciadores, sem depender de uma única fonte, e a garantia do empréstimo é o próprio contrato com a STD América, com o crédito automaticamente aprovado, de forma desburocratizada. Essa facilidade também permitiu, ainda que a um número pequeno de clientes, ter seus projetos colocados em prática”, explicaram os responsáveis pela empresa.

“Estes foram alguns dos motivos que nos fizeram crescer em faturamento e número de clientes. Não há mágica ou segredo: trata-se de um trabalho estratégico, bem estruturado e transparente, no qual damos ao cliente opções e benefícios para que permaneça connosco num longo prazo”, enfatizou Dal Colletto.

A Standard America, em 2019, ainda como Stolden, faturou R$ 2,3 milhões (cerca de 320 mil euros). Em 2020, o número saltou para R$ 8,25 milhões (cerca de 1 milhão duzentos e cinquenta mil euros) e a perspetiva é fechar 2021 na casa dos RS 32 milhões (cerca de quatro milhões e meio de euros).

Internacionalizar a empresa

Paralelamente ao desenvolvimento da marca no Brasil, Dal Colletto apostou na sua internacionalização. Para isso, ele contratou Hugo Fabiano Silva, diretor da i9Up! Consultoria, especializado na implantação de empresas na Europa. Juntos, eles conquistaram financiamento à Comissão Europeia, por meio do projeto Portugal 2020, na ordem de 1,7 milhão de euros, para instalação de fábrica em Soure, próximo a Coimbra. A empresa pretende captar, no total, 10 milhões de euros, já que foi procurada, após o aval do projeto Portugal 2020, por fundos privados, que pretendem apostar juntos no projeto.

O próximo passo para a internacionalização é chegar à China. Shinzhen é a cidade escolhida, por ser considerado um polo de semicondutores mundial.

“Queremos ter uma unidade de negócios por lá, para facilitar o nosso acesso aos fabricantes. A ideia é comprar com maior facilidade e conhecer in loco a tecnologia, podendo oferecer aos nossos clientes todas as novidades do mercado, ao melhor custo-benefício, tornando a Standard America e a STD Europe cada dia mais competitivas”, finalizou este CEO. ∎

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